De volta ao UFC, berço de Vitor Belfort no MMA (Vale Tudo), esse carioca versado em jiu-jitsu retornou com força às manchetes de tablóides e sites especialistas em lutas.
Eterno “Fenômeno” do UFC por ter vencido o torneio peso-pesado (acima de 93kg) aos 19 anos de idade, Belfort tem tudo para brigar mais uma vez pelo título de campeão. Só que dessa vez entre os pesos-médios (84kg) e aos 35 anos.
No último sábado, ele bateu com facilidade o ex-campeão Rich Franklin. Foi o retorno de Vítor ao UFC depois de quatro anos afastado de lá. E, aos olhos do presidente do evento, Dana White, já serviu para credenciá-lo ao título dos médios, na cintura hoje do compatriota Anderson Silva.
Acostumado à dura rotina de treinos de MMA e jiu-jitsu desde quando ingressou na Carslon Gracie Team, aos 13 anos, Belfort é um atleta de altos e baixos.
Depois de estourar no UFC ainda menino, a pressão de ser visto como um dos maiores nomes do MMA abalou seu desempenho.
Por alguns anos, foi apontado pelos fãs como o maior caso de talento desperdiçado no mundo das lutas. Mas desde 2007 reencontrou a trilha da vitória.
Bateu os últimos cinco adversários que encarou. E com um passado de campeão (ele tem no cartel o título do torneio dos pesados e o cinturão dos meio-pesados), foi alçado ao posto de principal desafiante de Anderson Silva, atleta mais temido do UFC.
Na última quinta-feira, enquanto estava numa festa infantil, Belfort conversou com o blog Mano a Mano a respeito das chances de enfrentar Anderson. E revelou: “Não tenho desejo nenhum de lutar contra ele”.
O faixa-preta falou também sobre a última vitória dele. E relembrou momentos marcantes da carreira.
Belfort venceu até hoje 19 combates e perdeu oito vezes. Segue a entrevista:
* Saiba mais sobre Belfort aqui
Blog Mano a Mano - Se dependesse da sua escolha, você pediria para enfrentar o Anderson já neste momento ou faria mais algumas lutas antes disso?
A minha escolha é só uma. Eu escolho o meu treinamento. Escolho pagar o preço (de ser lutador). Eu não tenho nenhum desejo de lutar contra o Anderson, é o contrário. Eu o admiro. Acho que ele conquistou o espaço dele com merecimento. Não tenho desejo nenhum de lutar contra ele, de provar que sou capaz de derrotá-lo. Eu sei que quando dois campeões se enfrentam os dois tem condições. Não tenho o mínimo de desejo de fazer uma luta contra o Anderson, porém eu sou um operário. Eu vivo disso. Eu trabalho para o UFC contratualmente. Eu não tenho direito de escolher luta nenhuma. Eu tava até conversando com o meu empresário (o Fabiano Farah) e ele me disse: “Vítor, nós não temos o direito de escolher luta nenhuma”. O que o UFC achar que é bom para os fãs e para o UFC, eu acato. Agora, não tenho desejo nenhum de fazer essa luta. Não tenho aquela coisa pessoal, não tenho esse desejo. Muito pelo contrário, eu curto muito ver o Anderson lutando, eu aprendo muito com ele. Eu o admiro. Já pude ajudar ele e ele já pôde me ajudar. Não tenho interesse nessa luta.
Rickson Gracie me disse que seria mais sensato que você fizesse mais algumas lutas no UFC antes de encarar o campeão. O que você acha disso?
Hoje, meu ritmo, ele ditado, eu luto feliz. O ritmo da luta, de como vai a luta (de quem será o próximo adversário), eu não me preocupo muito com isso, até porque meu treinamento tem sido muito difícil, eu venho pagando um preço muito caro dentro do treinamento. Eu dou tempo ao tempo. Sem pressa. O meu desejo é poder reconquistar o meu espaço, que já está conquistado. Não tenho que provar nada a ninguém. Eu quero me divertir, quero dar o meu melhor para os fãs que eu acho que eles merecem.
O que Dana White te disse depois da sua vitória diante de Rich Franklin?
Ele disse várias vezes que adorou. Que achou fantástico. Disse que hoje eu sou um dos contratados mais importantes. E se disse muito feliz, muito contente com a luta.
Mas ele falou algo sobre você enfrentar o Anderson?
Ele tá querendo promover essa luta, com certeza. Assim que possível ele tá querendo promover essa luta. Mas nós não conversamos muito sobre isso. Não tivemos muito tempo pra falar sobre a próxima luta.
Ficou surpreso em bater o Rich de forma tão rápida? Foi mais simples do que você previa?
Não fiquei surpreso. Eu tava preparado para vencê-lo a qualquer momento. Mas nada é fácil, meu irmão. Nada vem fácil. Com o sacrifício que eu paguei, nada seria fácil.
Tem críticos que dizem que o Rich é supervalorizado. O que você acha?
Eu acho que ele merece o valor dele. Ele continua no topo. Ele venceu bons atletas e tem pouquíssima derrotas. Acho que quando um atleta perde todo mundo que sempre botar pra baixo. E o Rich é um grande atleta, um grande lutador. Mas os críticos estão sempre colocando as pessoas pra baixo. O Rich não perdeu para uma pessoa ruim. Perdeu para um cara bom (referindo-se a si mesmo), ai é normal. Campeão contra campeão, sempre vai acabar em um campeão derrotado.
Você se sente credenciado para lutar pelo título do UFC depois de apenas uma luta desde seu retorno ao evento?
Quem sou eu para achar se sou credenciado, se não sou credenciado? Não cabe a mim essa decisão. Eu me sinto muito feliz em estar fazendo o meu trabalho. To muito contente em estar realizando meu trabalho bem feito. Acho que os fãs, a imprensa e os promotores, todo mundo está contente.
Você se sente preparado para brigar pelo título do Anderson?
Eu acho que estou preparado para enfrentar qualquer lutador. É esse o meu pensamento hoje. Eu não tenho medo de enfrentar nenhum lutador. Eu sei que sou capaz de ganhar de qualquer um. É só uma questão de tentar e conseguir.
Você está no auge da sua carreira ou o melhor momento passou?
O auge sempre é no início, né. Hoje eu acho que estou muito maduro. Hoje eu acho que estou no melhor momento da minha carreira.
Você carregou por muitos anos o estigma de ser um atleta com baixa auto-estima. Depois de mais de 10 anos de carreira, como você avalia isso?
Eu sempre tive pavor de gente arrogante. De gente prepotente. A gente pode ter confiança e não ser prepotente. O importante é saber dosar isso. Na realidade eu sempre carreguei muita pressão nas minhas costas. Mas sempre fiz minhas lutas.
O que o Carlson Gracie representou na sua vida?
O Carlson foi uma pessoa muito importante pra mim. Tivemos uma relação muito boa. Depois a gente teve uns problemas profissionais e ele levou isso para o lado pessoal. Mas isso passou. No final da vida dele a gente fez as pazes. Eu devo muito o início da minha carreira no MMA ao Carlson.
Qual foi a derrota mais difícil de digerir?
Todas (risos). A derrota mais recente (contra Dan Henderson). Derrota é uma coisa que não é muito boa, não. Mas serve para você aprender.
Se pudesse escolher uma revanche, contra quem faria
Tito Ortiz. Sou amigo dele. Gosto dele. Não tenho anda contra ele. Não tenho nada contra ninguém. Mas como o resultado da nossa luta foi injusto queria enfrentá-lo.
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