Lyoto: “Nem sempre dá para dar show”

Por Guilherme Cruz

O ano de 2010 não foi bom para Lyoto Machida. Invicto até o ano passado, o carateca perdeu o cinturão do UFC para Maurício Shogun e caiu em decisão polêmica para Rampage Jackson. Fechando o ano com uma cirurgia “nada grave, coisa antiga”, conta ele, Lyoto bateu um papo franco com a TATAME e comentou a derrota, avaliou o sistema de julgamento do UFC e discutiu a possibilidade de mudar seu estilo de luta no futuro. “As pessoas às vezes querem uma coisa que nem sempre é possível. O St. Pierre joga em cima da regra o tempo inteiro porque sabe que, uma vez perdendo, ninguém mais quer saber de você. É ótimo dar show, se puder conciliar os dois é ótimo, mas nem sempre dá”, conta Machida, esperando voltar às vitórias em 2011.

Que operação foi essa que você fez?

Isso é uma coisa antiga, mas é bom operar porque posso estar em outro momento e ela pode aumentar, não quero isso. Mas daqui a um mês estou de volta aos treinos.

Passado um mês da sua luta, você já digeriu a derrota?

A cada dia que passa você vai vendo a conseqüência da derrota, porque fica mais longe do cinturão, fica mais difícil lutar contra um cara top, como o Rashad, que está na beira pelo cinturão. Tenho que buscar e fazer mais uma luta em busca do que eu quero, se bem que quando você está no meio do ranking tudo pode acontecer, ninguém sabe. O Vitor (Belfort), por exemplo, fez uma luta e vai para o cinturão, pelo passado dele, então é muito difícil falar. Mas na minha categoria sei que tem outras pessoas na minha frente, faz parte.

Você perdeu numa decisão polêmica... Olhando para trás, você ainda acha que venceu?

Até hoje eu escuto, todo mundo vem falar comigo: “te garfaram”, mas eu não gosto de falar porque não vai mudar em nada, talvez até piore porque vou ficar pensando nisso. Agora é buscar melhorar o meu jogo, vencer sem deixar dúvidas. São coisas que fazem parte do aprendizado.

Você acredita que tornar o seu jogo mais agressivo é o caminho para voltar a vencer?

É difícil falar... As pessoas às vezes querem uma coisa que nem sempre é possível. O St. Pierre joga em cima da regra o tempo inteiro porque sabe que, uma vez perdendo, ninguém mais quer saber de você. É ótimo dar show, se puder conciliar os dois é ótimo, mas nem sempre dá. Às vezes você só tem duas maneiras de entrar naquele adversário, e é melhor manter uma luta mais estratégia para tentar vencer, porque o nível do esporte está muito alto. O outro cara não é besta, ele também está treinado. Não vou falar “beleza, vamos sair trocando porrada e ver no que dá”. Queremos dar show, mas com uma margem de segurança. O próprio Anderson Silva também, em algumas lutas que vem fazendo, faz para vencer, porque sabe as conseqüências da derrota. Não estamos num esporte amador.

O seu estilo, de jogar no contra-ataque, é difícil de ser avaliado numa luta de MMA com o estilo de pontuação do UFC. Você não concorda?

No critério que eles estão utilizando pode ser que sim, mas em qualquer outro esporte de luta, seja Boxe ou Muay Thai, não existe isso. Tanto o cara que ataca quanto o cara que contra-golpeia têm os seus méritos, suas chances. Do que adianta andar cinco minutos pra frente e tomar 20 golpes? Só porque você andou pra frente não quer dizer que você foi mais efetivo. Às vezes o critério não é o que deveria ser utilizado.

O que você espera de 2011?

As expectativas são as melhores... 2010 foi um ano muito bom para aprendizado, isso faz parte. Tive um 2007 muito bom, 2008 e 2009 também... 2010 não foi tão bom em vitórias, mas tive um bom aprendizado, cresci muito. Isso faz parte. É como se fosse um circuito. No tênis e outros esportes, não dá para dominar por muitos anos, o número um perde num campeonato e ganha no outro, e isso faz parte.

Quer deixar algum recado?

Queria desejar um feliz Natal a todos os fãs... O mais importante é saúde e felicidade para todo esse povo que acompanha o MMA.