quarta-feira, 6 de abril de 2011

Em entrevista exclusiva ao R7, Mário Yamasaki revela qual a luta mais emocionante que arbitrou no UFC

Único brasileiro árbitro do Ultimate foi responsável pela edição nacional do evento

Diego Ribas, do R7
Getty ImagesGetty Images

Yamasaki em ação interrompendo a luta entre as lendas Rodrigo Minotauro e Randy Couture

Único árbitro brasileiro no UFC, o paulista Mário Yamasaki tem ligação de longa data com as artes marciais. Filho do sensei Shigueru, Yamasaki começou a treinar judô aos quatro anos de idade, modalidade na qual é faixa preta 4º grau. Anos depois, descobriu uma nova paixão: o jiu-jitsu.


- Parei de dar aula e competir no judô e migrei para o jiu-jitsu.

Aproveitando o crescimento do esporte, Mário se mudou para os EUA, ainda em 1988, para abrir sua própria academia. Dez anos depois, ele e seu irmão Fernando, que ainda mora no Brasil, mostraram empreendedorismo e investiram para realizar a única edição do UFC no país, no ginásio do Canindé, em São Paulo.

Neste mesmo dia, Yamasaki questionou “Big” John Mccarthy, então o único árbitro da organização, como fazer para ser juiz do evento. Coincidência ou não, a resposta foi de que Big John informou que a entidade procurava alguém para a função. Sete meses depois, começava a carreira do maior árbitro de MMA do Brasil.

De passagem em São Paulo, onde acompanhou a 26ª edição do Jungle Fight, no último fim de semana, Mário Yamasaki cedeu uma entrevista exclusiva ao R7, confira.

R7 - Qual sua relação com as artes marciais? Quando começou a treinar?
Mário Yamasaki - Meu pai veio de judô. Ele e meu tio tiveram 14 academias em São Paulo, então eu comecei a treinar com quatro anos de idade. Naquela época, meu pai e meu tio eram os únicos árbitros internacionais de judô do Brasil, inclusive foram para juízes em muitas Olimpíadas. Anos depois, comecei a treinar jiu-jitsu e me empolguei, parei de dar aula e competir e migrei para o esporte. Me mudei em dezembro de 88 para os EUA e abri uma academia por lá.

R7 – Você foi um dos responsáveis por trazer o UFC para o Brasil em 1998. Como foram os contatos para fazer isso?
Mário Yamasaki - Meu irmão dava aula de judô aqui em São Paulo e queria trazer os atletas do UFC para cá. Um dia eu estava saindo da academia e achei um panfleto no chão dizendo que o Dan Severn [lutador] daria uma sessão de autógrafos. Dirigi para lá, peguei contato e começamos a conversar. Chegamos a viajar juntos para o Guarujá, onde ele ficou uma semana dando aulas e se divertindo. Depois fui para um evento do UFC em 96, e tentei comprar um pôster deles, mas tinha acabado. Acabei pegando o cartão de um senhor que poderá me dar um, mas nunca liguei. Um ano depois, quando meu irmão me disse que iríamos mesmo trazer o UFC, percebi que o contato era do Bob Meyrowitz, então presidente do evento.
Daí trouxemos o UFC em 98, quando conheci todo mundo.

R7 – Daí que surgiu a oportunidade de arbitrar no UFC?
Yamasaki - Sim. Estava falando com o John Mccarthy, e ele me disse que estavam procurando outro árbitro. Na hora me ofereci e aceitaram. Tuo começou ali.

R7 - E você já tinha arbitrado alguma luta?
Yamasaki - Tinha sim. Arbitrei algumas lutas de vale-tudo, jiu-jitsu e judô no Brasil, e de vale-tudo em alguns eventos menores nos EUA.

R7 - Como é o mercado para árbitros de MMA nos EUA? O que um brasileiro pode fazer para chegar aos maiores eventos?
Yamasaki - Eu montei meu curso de arbitragem para MMA, e ele já foi aprovado pela Comissão Atlética dos EUA. Quando eu der o curso, ele já será um laço com as próprias Comissões. O que cada um tem que fazer é começar a arbitrar em eventos menores por lá e se afiliarem nas Comissões Atléticas, só assim eles começam a convidar para trabalhos maiores. Porque não é o UFC que escolhe os árbitros. Ele apenas indica, mas a Comissão Atlética do estado em que o evento ocorre é que determina.

R7 - Quando começa o seu curso?
Yamasaki - Meu primeiro curso vai ser em julho, na data do encontro anual das Comissões Atléticas, e eles me chamaram para ministrar um curso. Então, o primeiro vai ser para todos os comissários dos EUA. Também me convidaram para dar um curso aqui no Brasil antes, em junho, mas não sei se vai dar certo. Mas, com certeza em agosto ou setembro eu darei meu primeiro curso de arbitragem no Brasil.

R7 – Você se lembra de suas primeiras lutas como árbitro do evento?
Yamasaki - Me lembro sim, claro. Comecei no UFC 20, com a luta do Fabiano Iha com o Laverne Clark. A segunda foi entre o Wanderlei Silva e Tony Petarra, no mesmo dia.

R7 – E qual foi a mais marcante?
Yamasaki - Foi a luta entre o Chuck Liddell e o Tito Ortiz. Por que foi o meu primeiro combate valendo o cinturão do UFC. Mas, sem dúvida, a que mais repercutiu meu nome foi a do Vitor Belfort e Anderson Silva.

R7- E o que você achou desta luta? A forma como acabou surpreendeu?
Yamasaki - Surpreendeu, foi muito rápida. O Vitor começou bem, achei que ele estava bem consciente. Acabou que pegou aquele chute na cara e pegou todo mundo de surpresa.

R7 – Como você vê o crescimento do MMA no país?
Yamasaki - Já estava na hora, né? Ainda bem que o Brasil acordou. Este é o esporte que mais cresce no mundo e no Brasil ele ainda está engatinhando. Essa luta foi muito boa para o esporte, e com a vinda do Ultimate ele vai crescer ainda mais. O esporte começou aqui, então ele precisa ser forte no Brasil. A hora que a mídia e os patrocinadores começarem a ver que tem público, vai ser ótimo.

R7 – Você como único árbitro brasileiro, pretende participar do UFC Rio? Já houve conversas a respeito?
Yamasaki - Com certeza, se Deus quiser ele vão me chamar sim [risos]. Já houve conversas a respeito, sim. Mas só vou saber depois, porque eles sempre me chamam duas semanas antes do evento. Com certeza eles vão me chamar, não é possível. [risos]

R7 - Para terminar, para quem você faz aquele coração quando é anunciado no octógono?
Yamasaki - É para a minha filha e meu filho [risos]. Quando eu era anunciado sempre fazia algum gesto com a mão para dar um oi. Um dia minha filha de três anos me pediu para fazer algo para ela, daí saiu o coração e todo mundo gostou e ficou. Faz uns seis meses só. Agora faço o coração para os meus filhos e para a paz no mundo [risos].

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