sábado, 30 de janeiro de 2010

Babalú: “Vou lutar até os 40 anos”

Por Guilherme Cruz

Em mais de 10 anos de carreira, Renato “Babalu” já enfrentou alguns dos maiores nomes de todos os pesos. Ex-campeão do Strikeforce, o faixa-preta conversou com a TATAME e fez um balanço da carreira, analisando o crescimento do MMA, falou do desejo de revanche contra Gegard Mousasi, que roubou seu cinturão no evento americano, os treinos com Wanderlei Silva e Fabrício Werdum, a vida na Califórnia e muito mais. Confira abaixo o bate-papo exclusivo.

Como está a vida na América?

A vida aqui está boa, sinto uma saudade da família, estou com uma filha de oito meses, a academia está indo de vento em popa... Estou com muitos alunos e estamos bem unidos aqui, estou feliz de fazer parte desse trabalho.

Do que você mais sente falta no Brasil?

Sinto mais falta dos meus amigos, da minha família e do mar um pouco mais quente (risos), porque a água aqui na Califórnia é gelada demais. Acho que só isso, porque tenho tudo que eu tinha no Rio aqui, arroz e feijão... A Califórnia é bem parecida com o Rio de Janeiro.

Após a perda do cinturão, como está sua carreira hoje? Quando volta a lutar?

Espero lutar em breve, estou 99%, estou treinando e esperando. Tive um rompimento muscular na panturrilha esquerda e fiquei um tempo parado, mas agora voltei e estou treinando com o Werdum, com o Rafael (Cordeiro), o Wanderlei (Silva) também está chegando aí para treinar. Estamos treinando forte. Não sei quando volto, o Strikeforce avisa em cima da hora, ainda não sei.

Como você vê a sua categoria hoje?

Está forte, ficando cada vez melhor.É uma motivação extra para lutar. Estou procurando lutas grandes. Cheguei em um momento na minha carreira de fazer lutas importantes, não estou mais na fase de fazer lutas só para somar. Valendo ou não o cinturão, quero lutar com grandes nomes. Já falei com os caras do evento para não ficarem só focados no peso, para eu poder dar um leque maior de opções a eles, mas claro que minha meta é uma revanche contra o (Gegard) Mousasi, mas estou dando uma série de opções de lutas. Acho maneiro lutar em diversos pesos, é só me darem uns três meses que eu subo ou desço de categoria...

Quem sabe não pinta uma outra luta contra o Fedor...

Seria uma satisfação para mim, mas no momento eu estou bem concentrado com o Werdum para ele pegar esse cinturão aí.

E como está a preparação dele para a luta contra o Fedor?

Ainda não está 100%, mas estamos treinando forte como sempre treinamos. Ele é um grande cara, grande companheiro de treino, e acho que ele vai tomar esse cinturão do Fedor.

Você acha que o Jiu-Jitsu é um bom caminho para bater o Fedor?

O Jiu-Jitsu é sempre um caminho forte.

Como vê o seu futuro no MMA? Já pensou em aposentadoria?

Andei pensando nisso há um tempo, mas cada dia a gente aprende uma coisa... Eu tive um “estalo” em um treino com o Wanderlei e decidi que vou lutar até os 40, porque batalhamos muito tempo para chegar até aqui e agora que estamos comendo o miolo do bolo, a parte do recheio. A gente não pode deixar a peteca cair, já comi tanta casca de pizza que agora que cheguei na parte do queijo não posso deixar pra lá. Enquanto eu estiver com saúde, quero continuar comendo a parte boa.

O que você considera hoje o recheio do bolo MMA?

O dinheiro. Já lutamos muito, tomamos volta... A galera das antigas, Wanderlei, Hugo, essa galera sabe o que é lutar no interior e tomar volta de evento, ou lutar três vezes em uma noite para ganhar uma merreca... Sai todo quebrado e o dinheiro não dá pra nem ficar no hospital. Agora estou podendo sustentar a família e investir. Agora está mais difícil ainda porque tem mais gente, mas depois que você chega lá fica muito mais fácil, porque você ganha uma grana.

Quais momentos de sua carreira que você mais aprendeu como homem e lutador?

Agora você me pegou de surpresa, foram vários. Já cheguei a treinar muito para uma luta, perder e ficar desanimado, pensando em dizer “chega, não quero mais lutar essa merda” e depois repensar tudo, lutar e conseguir dar a volta por cima e mostrar o meu valor novamente... Todo lutador fica chateado quando perde, mas o grande campeão é aquele que dá a volta por cima e supera a fase ruim. Temos que ter a cabeça aberta para sempre aprender mais. O cara que acha que sabe tudo não vai a lugar nenhum, pois acha que não tem mais nada para aprender.

O que esses treinos com o Werdum, o Rafael e o Wanderlei te ensinaram de novo?

Os caras são uma escola do caramba, né, cara? Tenho admiração por eles, os caras têm uma energia boa pra caramba, energia pra cima, isso ajuda muito. Já treinei com vários caras que só querem sugar, mas você vê que eles querem compartilhar, essa troca é muito importante.

Quando começou imaginava que iria tão longe em sua carreira?

Eu não achava que o esporte iria tão longe. Já lutei em lugar que o Mike Tyson lutou, em lugar que os Rolling Stones tocaram, muito maneiro. Nunca imaginei que lutaria em lugares que os “stars” estiveram.

E durante essa caminhada o que mais te marcou?

É muita coisa cara, mas o que fica são as amizades e os conhecimentos que adquiri durante as viagens, a cultura, isso não tem preço que se pague. Sou um cara de sorte por poder treinar com as pessoas que eu treino e fazer parte disso tudo, da história do esporte. Vou poder dizer que fiz parte da história. Mesmo que ninguém saiba, o importante é que eu vou saber.

Como você acha que o esporte vai estar daqui a dez anos?

Está no caminho certo. Tem algumas coisas certas e outras erradas, como tudo na vida. Agora foi o começo, daqui para gente vai caminhar cada vez melhor.

Você guarda alguma mágoa de sua passagem no UFC, pela maneira como você deixou o evento? Ainda sonha em voltar para lá?

Nenhuma, eu só tenho a agradecer, foi muito bom. Não tenho esse sonho, não, o lutador vive muito da próxima luta, então não posso sonhar muito distante, porque senão distraio a cabeça. Meu objetivo é sempre a próxima luta.

Como você vê atualmente a categoria até 93kg?

Essa categoria é o bicho, a mais forte sempre, muito equilibrado já há algum tempo.

Quem você considera os três melhores do seu peso?

Lyoto, Shogun e Mousasi.

O que você achou da primeira luta entre Shogun e o Lyoto e como acha que vai ser essa revanche?

A luta foi muito dura, o Shogun foi bem esperto e o Lyoto também é bom, os dois são fodas. Quando você luta com uma luva de quatro onças é complicado, os palpites vão por água abaixo.

Como você acha que o Mousasi se sairia no UFC? Acha que ele se daria bem contra o Lyoto e o Shogun?

Não sei cara, o Mousasi é um bom lutador, não posso dizer nada. Os dois são fodas também, é complicado de dizer.

Quem você considera o número um peso por peso?

O Anderson é o cara, quem fala que não gosta de ver ele lutar está mentindo. Ele é o cara que luta mais bonito em todo o MMA.

Você acha que o Vitor Belfort vai ser o cara que vai oferecer mais perigo ao cinturão do Anderson?

Com certeza é o mais perigoso. Sem palpites, é complicado de palpitar.

Como você gostaria de ser lembrado daqui a dez anos?

Como um lutador que lutou bem, pelo menos os caras que lutaram na minha época têm respeito profissional por mim. Gostaria de ser lembrado pela minha determinação.

E os filhos, vão seguir a mesma carreira do pai?

Estou com minha filha aqui no momento, agora são duas meninas, então fica mais difícil, mas quero que elas façam esporte.

Pode pintar uma campeã no Jiu-Jitsu, uma Cris Cyborg, uma Gina Carano...

Vamos ver, eu não sei, cara... Minha filha mais velha faz ginástica olímpica e elas vão fazer o que quiserem. Por enquanto ela vai continuar fazendo ginástica olímpica, depois ela pode fazer o que quiser.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...