quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Charles do Bronxs




Com cinco lutas no UFC, o jovem Charles do Bronxs já vivenciou momentos distintos no evento. Viveu a glória de finalizar Darrem Elkins e Efrain Escudero, mas parou na experiência de Jim Miller. Sofreu com o No Contest na luta com Nik Lentz, onde estava atuando de maneira impecável, e, diante da visível diferença física, acabou nocauteado por Donald Cerrone, que fez Charles repensar sua carreira e cogitar uma descida de categoria. Jim Miller, inclusive em entrevista a TATAME disse ter ficado impressionado com o talento do rapaz, mas que aquela não era a sua categoria. Notando a superioridade física de seus adversários, Charles se reuniu com seus treinadores, Erick Cardozo e Jorge Patino Macaco e juntos decidiram que o atleta desceria para 66kg, a mesmo peso do campeão José Aldo. Confira na entrevista abaixo tudo o que o atleta falou sobre a descida de peso, a expectativa para a luta com o Eric Wisely, que acontece no dia 28 de janeiro, e um duelo dos sonhos com José Aldo.



Você havia dito que não optaria por descer de categoria já que para bater os 70kg já era difícil. Por que agora optou por descer para 66kg?



Todo mundo viu que, quando eu lutei na categoria 70kg, eu não arreguei para ninguém e eu falei que não tinha condições de descer pelo fato de já ser difícil para mim. Mas a realidade é que eu sempre fui o menor da categoria, sempre estava ali trocando porrada com os caras e quando eu batia num cara, parecia que ele não sentia, e quando eles me batiam, eu sentia. Mas como estava dando certo, decidi continuar nessa categoria. Após sofrer a primeira derrota, sentou eu, o Erick (Cardozo), o Macaco (Jorge Patino) e perguntei o que eles achavam de uma possível descida de categoria. Eu tinha duas opções: ou eu fazia um tratamento sério com um nutricionista e suplementos e crescia, ou eu descia para a categoria 66kg e cortava peso.



Fiquei com medo de ganhar massa demais na categoria até 70kg e ficar lento, perdendo a minha principal característica. Foi então que decidimos que eu deveria fazer uma luta na categoria até 66kg e cortar peso como todos lutadores fazem, já que acho que eu tomando massa, tomando os bagulhos, eu ia começar a ficar lento e não é isso que eu quero. Então a decisão foi mais dentro disso aí. Ou crescer para chegar no peso que estava, ou descer, e eu preferi essa de cortar peso. Ficarei no peso que estou e vou descer.



Como está sendo feito esse trabalho? Você está com quantos quilos atualmente? Está sofrendo?



Comecei a me adaptar agora, a gente começou a descer faz pouco tempo. Eu estava pesando normalmente 75, 76kg. Já cortei alguns quilos e estou pesando naturalmente 70kg, estou começando a perder aos pouquinhos, não quero cortar igual um louco, pois é muito nocivo. Vamos fazer um trabalho passo a passo, degrau a degrau. Comecei a comer salada, parei de comer adoidado que nem eu comia, cortei refrigerante, lanche, besteira. Estou comendo arroz, feijão, bastante salada e frango grelhado. Estou parando de comer de bobeira e fazendo um bagulho mais saudável para ver o que vai dar, se eu vou cortar e bater o peso certo.



Você fez cinco lutas no UFC e sofreu duas derrotas. Você encara a nova categoria como um recomeço? Essa bagagem que você tem vai te fazer vir mais maduro no peso novo?



É o que eu falei para todo mundo: cada luta que eu vou lutando, independente se eu vou ganhando ou perdendo, eu estou aprendendo mais, fico mais esperto, ligado, treino mais, fico um pouco mais profissional. Nessa categoria vai ser meio que um recomeço sim. É que nem todo mundo fala: quando chega na faixa preta, você fica parecendo um faixa branca, pois está começando uma nova etapa. E é isso que está acontecendo no meu caminho, na minha história, na minha vida. Vou treinar do começo, treinar duro porque todo mundo está pensando que “ah, ele está mudando de categoria para uma categoria fraca”. Não é não. Você tira pelo dono do cinturão, que é o (José) Aldo, que é um cara que é duro pra caramba. Tem o Iuri Marajó, Felipe Sertanejo, entre outros caras de nome. É uma categoria dura. Para mim, é um novo começo. Eu quero traçar a mesma meta que eu tinha na 70kg: ser dono do cinturão. Não mudou em nada. A única coisa de diferente é que agora eu vou cortar peso também, igual a todo mundo. Quando eu era 70kg, não cortava. É uma categoria difícil, quero aprender muito. Estou treinando muito duro para sair com vitória nessa próxima luta.



Você está escalado para enfrentar o Eric Wisely no UFC on Fox 2, que é um cara experiente, mas ao mesmo tempo, irá estrear no UFC. Você acha que pode tirar proveito dessa situação?



Eu tiro por mim. Quando eu entrei no UFC, estava com sangue nos olhos, vontade de vencer, sede de vitória, querendo andar pra frente o tempo todo. Se ele entrar nessa mesma pegada, eu sei que vai ser uma luta dura. Eu estou vindo de derrota e não quero perder de novo. Eu estou indo para a vitória, vou andar pra frente o tempo todo, não importa quem vai estar do outro lado, não importa se vai ser uma muralha ou não. Para mim, essa luta é muito importante. Não estou indo com pressão alguma. A única pressão que tem vem de mim mesmo, porque eu quero vencer de qualquer jeito. Eu vou caminhar o tempo todo pra frente, mostrar meu trabalho e se o Eric estiver nessa mesma pegada, que nem eu estava no começo, na minha primeira luta, vai ser um belo combate.



Sim, pretendo tirar proveito, pois já tenho cinco lutas no Ultimate, já vivi muitas coisas lá dentro. O UFC é um show à parte e se ele não se iludir com tudo que tem lá dentro, vai ser uma luta boa. Vou usar um pouco daquilo que eu aprendi dentro do UFC, o que é, o que não é. Vou usar um pouco da minha experiência e, se Deus quiser, a gente vai sair com a vitória de lá de dentro.



É inevitável falar do José Aldo, já que ele é o campeão dessa categoria. Qual é a sua relação com ele? Como você veria essa luta acontecendo?



Cara, eu conheço o Aldo, é ele um amigão meu. Eu só conhecia o Aldo pelas lutas e sempre gostei muito do estilo. O conheci através da Pretorian, e de lá pra cá a nossa amizade está show de bola. A gente se liga, troca ideia, ele tem o meu rádio, eu tenho o rádio dele. Tanto que, quando ele vai lutar, eu desejo boa sorte pra ele. Um dia, se Deus quiser, se a gente puder se enfrentar, eu espero que da parte dele seja a mesma coisa, então espero que a gente possa lutar lá dentro e, independente de quem ganhar, continuar a mesma amizade.



Eu aprendi muito vendo o Aldo lutar e aprendo até hoje. Tenho muito respeito por tudo aquilo que ele é, mas eu entrei no UFC com a vontade de ser dono do cinturão. Entrei na 70kg, agora estou na 66kg. Ele é o dono do cinturão e espero que ele seja dono por muitos anos ainda, mas se a gente fizesse uma luta, seria uma luta bem movimentada, uma luta bem agressiva, dois lutadores que são velozes, rápidos. O Aldo querendo continuar o dono do cinturão e eu com o sangue nos olhos querendo ser dono daquele cinturão, colocar ele na minha cintura. É uma luta muito boa.

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