sábado, 8 de agosto de 2009

Sylvio Behring

Comandando os treinos de Jiu-Jitsu de Anderson Silva, Sylvio Behring abriu o jogo sobre a preparação do campeão do UFC para o seu próximo desafio, quando encara Forrest Griffin no UFC 101, que acontece este sábado. Diante do duríssimo adversário, que já finalizou Maurício “Shogun” no UFC, Behring mostra confiança. “O Anderson tem um chão muito criativo... Nós trabalhamos mais na parte da defesa, para evitar que certas situações aconteçam, e nisso ele está perfeito, não erra uma e tem uma facilidade incrível em se adaptar a situações inesperada”, revela Sylvio, que ainda comentou os treinos com Ronaldo Jacaré e André Galvão, além dos novos talentos que tem treinado.

Como está o chão do Anderson?

O Anderson tem um chão muito criativo. Dessa vez ele tem sido muito humilde para ouvir mais, voltou a botar o quimono... Não que ele não tenha sido humilde nas outras vezes, mas ele resistia um pouquinho para botar o quimono. Dessa vez ele chegou antes, botou o quimono, brincou um pouquinho, se divertiu. Nós trabalhamos mais na parte da defesa, para evitar que certas situações aconteçam, e nisso ele está perfeito, não erra uma e tem uma facilidade incrível em se adaptar a situações inesperadas.

Eu vi que você trabalhou muito bem na luta contra o Thales, eles fez uma luta que estava se sentindo confortável, até o Jacaré comentou comigo que quem acha que o chão do Anderson é limitado vai se surpreender...

Com certeza. No caso do Thales, fizemos um treinamento para não deixar a luta ir para o chão. A nossa intenção foi ficar em pé, frustrar o Thales. Antes da luta, eu falei para ele: “Anderson é o seguinte, se em algum momento da luta o Thales deitar para fazer guarda com você e não quiser luta em pé, acabou a luta. Você não vai entrar na guarda dele, não vai para cima dele, anda para trás e espera ele voltar de novo”.

Eu não estava no córner, fiquei com a minha esposa do lado de fora com a equipe e, quando o Thales deitou a primeira vez, o Anderson entrou e tomou uma pedalada, e não dava para ele me ouvir dali onde eu estava, aí ele recuou. Eu sempre digo para ele que ele tem capacidade de finalizar qualquer um, assim como fez com o Dan Henderson. Qualquer um que estiver sendo minado por ele em pé e chegar no chão mortinho. Pode ter certeza que ele pega, não só nessas condições. Se ele for lutar um chão livre acho que tem condições de pegar, é incrível como ele consegue pegar os sparrings. Quando termina o round, o cara está morto e ele ainda está com gás, então eu mando pegar e ele tem ido para cima. Não que eu ache que ele vai pegar e vai chegar para finalizar o adversário dele, mas, se ele chegar, e botar pra baixo, numa situação boa, acho que ele pode finalizar sim, porque tem condições para isso.

E os outros atletas, você está trabalhando com o André Galvão e com o Jacaré?

O Galvão foi mais fácil, mas no começo senti um pouco de resistência, o que é natural, já que ele veio de outra escola e foi adversário de muitos alunos meus, mas foi muito fácil o entendimento entre a gente. Ser coach de um cara do nível do Galvão... No começo, quando eu falava algumas coisas, eu via que ele tinha um pouco de resistência, mas depois foi quebrando isso aí. Ele é um cara maravilhoso, para mim é o maior exemplo que tem. Digo para os novatos que ele é o melhor cara para colar, porque ele é correto, religioso, linha reta, não existe a possibilidade de bagunça com ele. A gente se diverte com ele, sim, mas ele é muito certinho. Nosso entendimento é muito bom, ele ouve o que eu falo, já veio prontinho para as minhas mãos para eu dar simplesmente um apoio a ele, um toque aqui outro ali, mais um guia do que um professor.

O Jacaré, na transição do Jiu-Jitsu para o MMA, como ele é mais porradeiro, gosta da pancada. Ele não tem posto o quimono, ele deu uma amansada. Depois da luta, ele cortou o supercílio e veio falar comigo que ia botar o quimono de volta, que já está sentindo saudades. Esse é outro que, toda vez que vou mostrar uma posição, ele tem sempre um comentário... Eu procuro fazer o mais simples, sem complicação, não tem fantasia, vou para o procedimento simples, daí se o cara quiser criar em cima daquilo alguma coisa e tiver uma posição que possa adaptar, ou uma combinação, ótimo, é a interpretação de cada um, mas eu vou sempre na linha do fundamento.

Você está dando aulas aqui em que horários?

Eu dou aulas coletivas de manhã as segundas, quartas e sextas, terças e quintas individuais e todo dia a partir das 18h tem aulas para crianças e adultos. A turma está ótima, graças a Deus estamos crescendo. Estou treinando a Zanza que vai lutar o Abu Dhabi agora, medalhou no Pan-Americano, disputou Olimpíada e veio pra cá para treinar e está treinando de quimono e vai ficar treinando de quimono até o meio de setembro, onde vamos tirar o quimono e treinar especifico para Abu Dhabi.

Tem algum Werdum, Corleta, algum cara novo que você está produzindo como tantos que você fez?

Tem outro pessoal no forno, mas estão muito crus ainda. O Werdum e o Corleta são insubstituíveis... O Corleta é o cara mais talentoso que eu já treinei e o Werdum era o maior guerreiro que tinha. Se os dois tivessem treinado juntos, com certeza conquistariam muito mais vitórias do que conquistaram, porque fariam uma química muito boa, mas tem gente de valor que eu estou trabalhando. Os meus faixas-pretas estão chegando bem. Estou trazendo um material muito bom de várias fontes, do Sul, do Paraná, do Canadá, dos Estados Unidos... Tem muita gente boa aparecendo e caindo na minha mão e eu tenho dado uma peneirada.


tatame

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