segunda-feira, 31 de agosto de 2009

UFC: Minotauro Sai do Labirinto com Vitória e Arte



Como transformar a violência em beleza? Picasso era craque nisso. As bombas e a destruição da cidade de Guernica viraram marco na história da arte após passar pelas mãos de pintor. Da inspiração dele também saiu uma séria sobre a lendária figura do Minotauro, aberração metade homem metade animal que representa o lado obscuro da mente e a culpa do erro. Quando pintava seus minotauros, Picasso possivelmente defenestrava seus medos intrínsecos. É dessa fase o tom belicoso e mais ameaçador da obra do mestre.

Diz a lenda grega que o monstro ficava trancado em um labirinto e, de tempos em tempos, traçava algumas vítimas humanas dadas por seu pai. O labirinto impedia que Minotauro escapasse e aterrorizasse a todos. É a figura do medo ameaçador aprisionado no fundo da alma.

Rogério Nogueira é um doce de pessoa no seu dia-a-dia. Quando entra no octógono, porém, dá lugar a sua face bestial. É o seu labirinto e, ali, é conhecido como Minotauro. No UFC 102, realizado na madrugada deste domingo nos EUA, o americano Randy Couture tentou se passar por um Teseu moderno, mas não resistiu e foi toureado de forma magnífica. Na troca de socos, foi à lona duas vezes. No chão, levou dois revezes históricos ao perder a guarda. Por sorte, não foi finalizado em nenhuma das três oportunidades em que o “touro” lhe tirou o ar com um katagatame. Quando o terceiro round chegou ao fim, Nogueira, já em forma humana, enaltece o adversário derrotado.

Acompanhar um combate de Nogueira é sempre uma mistura de esperança com dor. Sabe-se que ele é um dos maiores lutadores da atualidade. Também é sabido que nunca uma vitória vem de maneira fácil. Ele precisa se expor de forma temerária. Parece gostar de ser atingindo para testar sua resistência. Muitos preferem não ver seus combates, tamanho o estresse emocional que se passa durante uns poucos minutos. Talvez isso mostre o lado humano da besta. Ele não é um Schumacher ou um Bolt, cujos talentos são tão superiores que se desumanizam. Nogueira sofre, chora, sente dor, se recupera, cansa, apanha, sua, quase perde e ganha.

Nogueira transforma um esporte em arte, cuja a vitória não é o mais importante. Há antes de tudo a experiência, os medos, os labirintos das mentes adversárias. Como Picasso mostrou, para existir um Minotauro é necessário ser grotesco como um touro, mas ainda ter a alma humana para ultrapassar a condição animal. E o animal, sozinho, não teme. É preciso ser homem para entender a violência do confronto e transformá-la no belo.

Fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/blog...nada/?id=919709

Um comentário:

Gustavo disse...

esta representando mt bem o nosso país.. tem o verdadeiro espirito brasileiro, ele nao desiste nunca !

PARABENS MINOTAURO !!!

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