sábado, 1 de agosto de 2009

Shogun admite ser zebra diante de Lyoto e diz que não liga para críticas de Anderson Silva

Pela segunda vez na história do UFC, dois brasileiros se enfrentarão numa disputa pelo cinturão do evento.

Dia 24 de outubro, o curitibano Maurício “Shogun” Rua tentará tomar o título de campeão dos meio-pesados (93kg) do soteropolitano radicado em Belém Lyoto “O Dragão” Machida.

Será um duelo entre dois campeões, já que quatro anos atrás Shogun venceu o torneio do Pride, um falecido evento japonês de MMA (Vale Tudo).

Shogun ganhou o direito de encarar Lyoto depois de bater o legendário Chuck Liddell com um nocaute avassalador em abril deste ano. Foi a 18ª vitória dele em 21 combates.

A princípio, a direção do UFC casaria uma luta entre Lyoto e o americano Quinto “Rampage” Jackson. Mas Rampage acabou escalado para participar de um reality show, o que adiou seus planos de brigar pela cinta.

Shogun vs Lyoto será especial para os brasileiros. Uma única vez dois atletas nacionais foram postos frente a frente numa disputa pelo cinturão. Em abril último, quando Anderson Silva derrotou Thales Leites numa luta morna e decepcionante.

Em entrevista exclusiva ao blog Mano a Mano, Shogun falou sobre o desafio de lutar contra seu colega Lyoto. Os dois já fizeram alguns treinos juntos e o curitibano admitiu ser o “azarão” nesse duelo.

Shogun comentou também as críticas do seu ex-parceiro de treinos Anderson Silva, que não acha justo vê-lo disputar o cinturão com poucas vitórias no UFC. “Falar, até papagaio fala. Então, tô tranquilo. Não ligo para o que ele diz”.

Segue a entrevista completa:

Blog Mano a Mano - Como anda a preparação para enfrentar o Lyoto?
SHOGUN - Tô treinando bastante. Já comecei minha preparação. Mas, por enquanto, tô só na parte física, na parte relacionada com o gás (preparo físico). A parte estratégica entra no próximo mês.

Quem são seus parceiros de treino?
O Dida veio pra cá, eu tô com minha equipe toda aqui, meus professores, meus treinadores. Então, está tudo esquematizado, estamos todos focados no meu treinamento. O Murillo Ninja (irmão dele) é um dos que mais ajuda com o sparring. Ele deve lutar em outubro no DREAM e já tá se preparando também.

Por que você escolheu o Dida ao invés do Sérgio Cunha, que te ajudou na sua última luta?
O Dida é um cara que conhece meu jogo e isso facilita. Todo professor novo que eu contratava, demorava um tempão até ele conhecer meu jogo, saber o que eu gosto. O Dida é um cara que começou comigo desde o início. Ele sabe o que eu gosto. Então, ele sabe o que eu sei fazer e vai trabalhar em cima daquilo, e não querer que eu faça coisas que eu não gosto. Então, esse é o grande problema de arrumar treinadores novos.

Mas o Sérgio Cunha não te conhece? Por que não quis mais a ajuda dele?
Tive uma reunião com minha equipe e chegamos ao consenso de que poderia ter coisa melhor (do que treinar com o Cunha). Não foi por nenhum motivo financeiro. Foi uma escolha entre eu e minha equipe.

Já encontrou algum sparring com um jogo parecido com o do Lyoto?
Não. Por enquanto to treinando com o pessoal da minha academia mesmo. A galera tá treinando pra fazer o que o Lyoto faz. Mas com certeza eu vou procurar sparring do caratê também.

Quando você fala que o “timing” é o segredo pra vencer o Lyoto, significa que você esperará a hora certa para derrubar ou para bater no contragolpe? A luta deve correr em pé ou no solo?
Na verdade ainda não pensei nessa parte. Tô numa fase mais de preparação física do que pensando numa estratégia de luta. O chão pode até ser um caminho para a vitória. É uma coisa para se pensar. Mas minha estratégia ainda não está decidida. Isso, só mais pra frente.

Lyoto é um desafio maior do que, por exemplo, a final do torneio do Pride (quando Shogun encarou Ricardo Arona) ou outras lutas cruciais de sua carreira?
Eu encaro todos os meus desafios como o desafio da minha vida. Acho que desde a minha estréia e até a minha próxima luta, toda luta é a principal da minha carreira. Tiveram lutas que não tiveram tanta importância, mas foram lutas que me projetaram no mercado internacional. Todas foram importantes e essa é mais uma importante na minha carreira.

Anderson Silva disse que você não merecia, por ora, disputar o cinturão por ter poucas lutas no UFC. O que você achou das críticas dele?
Cada um fala o que quer, né? Quem conhece minha trajetória no Pride sabe que quando eu entrei no UFC eu já era uma pessoa cogitada para lutar pelo cinturão por causa da minha história no Pride. Mas acho que cada um fala o que quer, né? Tenho que me preocupar com o que eu falo e não com o que os outros falam.

Mas não te chateia um ex-parceiro de treinos falar isso?
Não, acho que não, se a opinião dele é essa eu respeito a opinião dele e ponto final.

Não acha contraditório esse tipo de crítica partir de um lutador (Anderson) que disputou o cinturão com apenas uma luta no UFC?
Bom, eu acho contraditório, mas não vou criticá-lo. Se ele me criticou, deve ter algum motivo, sei lá, né? Eu tô tranquilo porque sei que nunca fiz nenhum mal pra ele. Então, se ele fala essas coisas e tá sendo injusto, um dia isso vai pesar contra ele. Eu não vou criticá-lo. Todo mundo deveria ter respeito nesse meio porque não é fácil treinar todo dia. Então, eu respeito todo mundo. Se ele não me respeita, tudo bem. Eu tenho que tomar cuidado com o que eu falo, afinal falar, até papagaio fala. Então, tô tranquilo. Não ligo para o que ele diz.

Anderson é seu ex-parceiro de treinos e disse que ajudará na preparação do Lyoto. Ele pode passar algum segredo do Shogun para o adversário?
Não, porque eu treinei com o Anderson oito anos atrás. Eu tinha 19 ou 20 anos. Hoje, eu sou outra pessoa, tenho outra técnica, tudo diferente. Mas para o Lyoto será um grande sparring. O Anderson é um grande atleta, um lutador muito bom, um dos melhores que tem, então será um grande sparring. Então, que eles treinem juntos e que se fortaleçam.

Você e Lyoto já treinaram no passado. Como foi isso, tinha sessão de sparring entre vocês?
Não, a gente fez apenas uma parte de boxe, mas foi bem tranquila, bem light. Nosso treino foi sempre light. O Lyoto é um cara que eu gosto muito dele, como pessoa.

Se você tomar o cinturão sua primeira defesa de título deve ser contra Quinton Jackson ou Rashad Evans. Qual deles você quer lutar primeiro?
Na verdade eu nem penso nisso ainda (risos). Só penso mesmo na minha próxima luta que é o Lyoto. Uma luta de cada vez. Mais pra frente espero pensar nisso, mas, por enquanto, não penso em nada, não.

Se tivesse só mais uma luta na carreira, com quem seria?
Ah, (risos) acho que o Lyoto mesmo, já que ele é o campeão. Meu grande sonho é lutar pelo título, então seria essa luta. O Lyoto é o melhor da minha categoria, sem dúvida nenhuma. Eu escolheria ele até porque o meu sonho é conquistar o cinturão do UFC também.

Quais armas do Lyoto te preocupam mais?
Acho que ele tem um jogo diferenciado e é bem eclético, isso é o melhor nele. Acho que comigo ele deve manter o mesmo jogo de contragolpe, até porque é o que ele faz em todas as lutas e não dá pra ele mudar de estilo depois de tantos anos. Acho que ele manterá a mesma estratégia e eu também. O jogo dele é de pegar no contragolpe e o meu é de ir pra cima. Então, com certeza será assim essa luta, eu indo pra cima e ele tentando me pegar no contragolpe.

Você é o azarão na luta pelo título na opinião de fãs e críticos. Você concorda com isso?
Com certeza o Lyoto é o favorito. Ele é o favorito porque está com o cinturão e vem de vitórias e eu não, né. Ele é favorito.

Facilita ou atrapalha entrar numa luta como azarão?
O Lyoto é o favorito, tá com o cinturão, é o cara que todo mundo fala que vai ganhar. Então, a obrigação de ganhar é dele e não minha. Isso facilita a luta, já que entro sem nenhum compromisso.

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