segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Entrevista Vitor Belfort

Por Guilherme Cruz

Ex-campeão dos meio-pesados do UFC, Vitor Belfort retornará ao octagon após brilhar no Affliction, e já terá um grande desafio pela frente, contra Rich Franklin. Porém, a chegada de Belfort trouxe polêmica. Presidente do UFC, Dana White declarou que gostaria de ver uma luta entre Belfort e Anderson Silva, com quem costumava treinar no Rio, e o campeão não gostou nada dessas declarações. Ouvindo as críticas de Anderson, Vitor se mostrou surpreso. Na entrevista exclusiva, Belfort deixou claro que qualquer um, deixando aberta a possibilidade de uma segunda luta contra Wanderlei Silva, comentou o treino com Gegard Mousasi nos Estados Unidos, a possibilidade de se mudar para os Estados Unidos e a luta entre Randy Couture e Rodrigo Minotauro, no próximo final de semana.

Como foram os treinos com o Kelly Slater? Você deu aula de quê para ele?

Cara, a gente fez um treino de MMA... Ele se amarra em luta. A gente se conheceu há dez anos e temos alguns amigos em comum, um pessoal da luta, e ele falou com um amigo que queria treinar comigo. A gente marcou de treinar, conversamos...

Rolaram uns rumores que você teria treinado com o Mousasi. É verdade?

A gente chegou a dar um treino, sim. Foi muito bacana, fizemos um treino bastante movimentado. Ele é um cara muito bom e gente boa. É um cara novo, tem um futuro enorme pela frente. Eu achei (a última luta dele) ótima, muito boa... Ele surpreendeu todo mundo. É muito rápido, um cara muito perigoso.

E os seus treinos para o retorno ao UFC? Aonde você está treinando?

Onde eu sempre treinei para as minhas lutas, na Xtreme Couture com o Shawn Thompkins e os sparrings daqui. Não estou treinando com o Randy, até porque ele vai lutar com um cara que eu gosto muito, que é o Rodrigo, e aqui todo mundo tem o seu treino. Do Brasil, eu trouxe o Jaime, o Vinícius, meus treinadores do Caratê, o pessoal que treina comigo no Brasil, além dos treinadores e sparrings daqui.

Como está a vida nos Estados Unidos? E a saudade da família?

Tem um ditado em inglês que diz: se você quer o ouro, você tem que comprar o campo. Nada na vida vem sem sacrifício. É difícil as crianças entenderem isso... Eu procuro explicar para eles, mas isso não vai ficar se repetindo muito não porque, se eu precisar ficar vindo para os Estados Unidos, vou comprar uma casa aqui e eles vão ficar aqui comigo.

Está nos seus planos se mudar de vez para os Estados Unidos?

Não digo de vez, mas teria uma base aqui.

Falando do Couture, você já o enfrentou e treinou com ele, além de ter treinado com o Minotauro. Quais os cuidados que você acha que o Rodrigo deve tomar na luta?

Ele (Randy) vai fazer o mesmo jogo, tentar controlar o Rodrigo e fazer o jogo dele. Eu acho que o Rodrigo vai tentar buscar a finalização e colocar o ritmo dele, e o Couture vai tentar anular o ritmo dele. Vai ser uma luta muito estudada, nenhum dos dois pode ter um erro, mas eu acho que o Rodrigo tem mais armas. Agora, é aguardar para ver o que vai acontecer.

Você vai para Portland assistir a luta ao vivo?

Não, pois estou num treinamento forte e não vai ser possível ir.

Você está voltando ao UFC e enfrentará o Rich Franklin até 88kg. Depois dessa luta, você vai voltar para o peso médio ou vai subir para 93kg?

Eu vou descer, pois o meu peso normal é esse, hoje. Eu não preciso mais cortar. Estou pesando normalmente 88kg, 87kg, então não tenho porque subir para 93kg.

Como você analisa o peso médio no UFC, que tem grandes nomes como Anderson Silva, Dan Henderson, Demian Maia, Wanderlei Silva, Nate Marquardt...

Tem muito cara bom, mas isso que é bom. O nível está alto e isso é bom, faz o esporte ficar muito mais entretenimento. É bom poder enfrentar caras assim, bons, grandes campeões.

A sua volta ao UFC acabou criando uma polêmica entre você e o Anderson Silva, após as declarações dele à TATAME TV. Isso te surpreendeu?

Um pouco, né... O problema do Anderson é que tem muita gente em volta dele. Eu gosto muito dele, continuo gostando independente do que ele acha disso tudo. Continuo torcendo por ele, mas acho que é muita gente em volta. Um campeão, muita gente aplaudindo, dando pitaco, muita fofoca, muito “disse me disse”... Eu não tenho como levar nada para o pessoal, até porque eu sei que um dia a gente vai parar de lutar e o que vai valer mesmo são os valores que a gente carrega dentro da gente, não deixar a parte profissional interferir no pessoal. Não tenho muito o que falar... As pessoas cogitando essa luta e ele ficou um pouco magoado, sentido, pelo fato de uma luta dessa poder acontecer. Eu sou funcionário, ele é funcionário também, não tem como ficar escolhendo luta. Mas não é uma luta que eu gostaria que acontecesse, com certeza. Eu tenho um carinho enorme por ele, independente do que ele acha. O importante é que todo mundo erra na vida, vê as coisas diferentes. De repente ele está vendo isso de uma forma, até porque tem muita gente em volta dele, falando por ele. Mas a vida é assim mesmo.

Você acha que essa polêmica começou quando você voltou para o UFC no peso dele e o Dana White falou que queria ver essa luta, assim como a rixa dele com o Wanderlei surgiu quando ele resolveu descer de peso?

Deve ser também... Eu acho que a identidade do Anderson, hoje, está em relação ao cinturão que ele tem. Como um campeão, ele não deveria levar isso para o lado pessoal. A identidade dele não está no cinturão, está nos valores que ele carrega. Se ele se sente ameaçado, ele acaba levando para um lado pessoal. Ninguém tem nada pessoal contra ele, muito pelo contrário. Eu torço por ele, o admiro, sei que nada foi fácil para ele, ele conquistou e eu pude vê-lo conquistar tudo isso. Acho que ele não deve deixar que a síndrome do campeão tome conta dele... Tem que continuar sendo a pessoa que ele é, simples, não deixar esse ambiente tomar conta do coração dele.

O seu retorno ao UFC no peso médio, e a descida do Wanderlei para o peso médio, inevitavelmente colocou na cabeça dos fãs o desejo de ver uma segunda luta entre vocês. Como você encara essa possibilidade de enfrentar o Wanderlei de novo?

Olha, agora eu não consigo pensar em outra que não seja o Rich Franklin, mas, com certeza, existe essa possibilidade. O Wanderlei é um homem profissional, eu também sou, e a gente está aqui pra trabalhar.

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