Um ano antes. José Aldo trava sua primeira batalha no World Extreme Cage Fighting (WEC). Um torneio de MMA (Vale Tudo) onde lutam os melhores pesos leves do planeta. O locutor da tv americana mal consegue explicar quem é José Aldo. “É sua estréia e não sabemos muito sobre ele”, se desculpa.
Nove minutos depois. Aldo, 22, está por cima de seu compatriota Alexandre Pequeno, oponente daquela noite. Socos e cotoveladas lançados num ritmo frenético abrem um corte na testa de Pequeno. O sangue respinga no tablado azul onde o duelo toma curso. A luta é interrompida pelo juiz para preservar o atleta quase indefeso e ferido.
Um ano se passa. Além de Pequeno, outros quatro lutadores renomados acabam nocauteados por Aldo. O último deles, Cub Swanson, desabou em 8 segundos de combate ao ser atingido por uma joelhada voadora dupla aplicada pelo brasileiro.
Com cinco vitórias avassaladoras no WEC e quinze no cartel, Aldo deixou der ser coadjuvante e virou um astro das lutas. Campeões e ex-campeões, como Miguel Torres, Mike Brown e Urijah Faber, rasgam pomposos elogios ao brasileiro. Todos querem enfrentá-lo.
Brown terá seu pedido atendido no próximo dia 11 de novembro. Seu cinturão da categoria featherweight (66kg) estará em jogo contra o agora temido e popular Aldo. Se depender do brasileiro, depois de nocautear Brown, o próximo a ir de encontro à lona será Miguel Torres, campeão até 62kg.
A rixa entre Aldo e Torres é antiga, como explicou o faixa-preta de Jiu-Jítsu em entrevista exclusiva ao blog Mano a Mano: “O Miguel veio aqui, no meu país, na minha casa e disse que ninguém do Brasil ganharia dele.(…). Tenho vontade de lutar contra ele.”, revelou em tom de revolta.
André Pederneiras, comandante da Nova União, equipe do Aldo, contou ao blog que prefere ver Wagnney Fabiano vs Torres. E que ofereceu essa luta ao WEC, mas ainda não teve uma resposta.
Segue uma entrevista com Aldo e um bate-papo com o Dedé Pederneiras.
Mano a Mano - O seu companheiro de equipe Wagnney Fabiano entrou no WEC como campeão do IFL (International Fight League) e principal nome da sua equipe no evento. Mas quem foi escalado para lutar pelo cinturão foi você Isso provocou alguma fissura na relação de vocês?
Aldo - Não, de jeito nenhum. A gente é muito unido e estamos sempre torcendo pelo sucesso de todos. Não teve problema algum.
Mas como você e o Wagnney são do mesmo peso terá a possibilidade de ter de enfrentá-lo um dia. Você topa lutar contra ele se o WEC mandar?
Ele sempre me ajudou muito. A gente treina junto e se ajuda. Acho muito difícil a organização do WEC pensar em casar uma luta entre eu o Wagnney. Não é interessante pra eles. Mas se quiserem casar essa luta, eu não vou topar. Pela amizade que a gente tem, a gente não lutaria. Ele também não toparia.
Qual sentimento te veio em mente quando recebeu a notícia de que lutará pelo cinturão?
Fiquei muito feliz. Quem trabalha Deus sempre ajuda. Tava esperando a minha vez.
Pensa em subir de peso para lutar um dia no UFC (evento irmão do WEC)?
Até penso em subir de categoria para lutar no UFC. Mas isso só daqui a uns dois anos. Quero me firmar como o campeão do WEC e só depois vou pensar nisso. Se dependesse de mim eu subiria logo. Se o UFC me oferecesse uma chance hoje eu iria. Mas tenho que ter o pé no chão e me focar para ter uma carreira sólida no WEC.
Você acha que bateria hoje o campeão dos leves do UFC, o temido Bj Penn?
O Bj Penn é um lutador duro pra caramba, um grande lutador. É um americano Paraíba (duro), como a gente costuma chamar aqui. Tem um chão bom e a mão boa. Eu tenho muito respeito por ele, mas eu faria o meu trabalho e iria lutar pelo nocaute.
Passa pela sua cabeça um dia ser reconhecido como o maior lutador entre todas as categorias de peso?
Nisso, até não. Quer dizer, todo atleta tem que procurar sempre ser o melhor. Quem não procura, se torna um fracassado. Isso (a chance de ser um dia o melhor de todos) me motiva. Eu penso, sim, em ser o melhor e to trabalhando pra isso.
Você esperava que em tão pouco tempo lutando fora já fosse figurar entre os principais nomes do MMA?
Eu não esperava que fosse ser assim, como ta sendo. Me foquei no meu trabalho, já perdi, já ganhei, já quebrei a mão e fiquei quase um ano sem lutar também por causa de problema no contrato com um evento do Japão. Mas nunca desisti e nunca parei de treinar. O ano parado (das lutas) foi até bom porque pude refletir no que tinha que melhorar no meu jogo e voltei ainda melhor.
Você só perdeu uma vez até hoje, para seu compatriota Luciano Azevedo. Ta engasgado com essa derrota ou nem pensa numa revanche?
Nem me passa pela cabeça uma revanche. Hoje, seria mais interessante para carreira dele pedir uma outra luta comigo do que eu pedir uma revanche. Ele não ta em eventos grandes, apesar de ser um cara muito bom. E ainda bem que eu perdi para um bom atleta. Todo mundo perde e a gente sempre aprende com a derrota. A derrota não ficou engasgada. Mas, se um dia no futuro rolar de lutar com ele, eu lutaria amarradão.
Cogitaram uma luta entre você e o campeão até 62kg Miguel Torres. No passado essa luta também foi cogitada aqui no Brasil, mas ficou no papel. O que você acha de enfrentá-lo agora que ele é visto como um dos melhores entre todas as categorias de peso?
Tenho vontade de lutar contra o Miguel porque no passado o técnico dele, o Carlson Gracie, veio com ele aqui no Brasil e desafiou os lutadores daqui. O Miguel veio aqui, no mue país, na minha casa e disse que ninguém do Brasil ganharia dele. Ele e o Carlson disseram que nenhum lutador leve podia vencer essa luta. É igual eu ir lá na América dizer que ninguém ganha de mim. Quem for patriota vai querer provar o contrário. Então, não só eu, mas todos os atletas leves se sentiram desafiados. O Dedé (seu técnico André Pederneiras) chegou a marcar essa luta, mas não aconteceu. Mas ainda tem essa rixa com o Miguel. Ele é muito guerreiro, mas ia ser tudo ou nada (uma luta entre eles). Um dos dois ia cair.
Você acha o Miguel mais perigoso do que o Brown?
Não acho ele mais perigoso do que o Brown. Acho que ele não é tão forte. É mais técnico, tem um jogo bom, mas o Brown é muito forte e é mais perigoso por ter a mão mais pesada e um ótimo wrestling (jogo de quedas).
Vai partir logo para a trocação em busca do nocaute contra Brown?
Vou sempre pensando no nocaute e com ele não vai ser diferente.
5 perguntas para André Pederneiras – técnico do Aldo:
Mano a Manio - Qual o plano para o Aldo bater o Brown?
Pederneiras - Ele vai saber se sair bem onde a luta correr. Ele está com a base em pé muito boa. A estratégia é usar a parte de trocação (chutes e socos), começar a luta em pé pra ver até onde vai e depois, se for o caso, ir para o chão.
Quais qualidades do Brown te preocupam mais?
O Brown é um cara forte, que tem a parte em pé alinhada, tem um boxe muito seguro, é um cara que bate e sabe se defender ao mesmo tempo. A parte de chão dele nós ainda não vimos muito porque os adversários que ele enfrentou não pressionaram muito essa parte, eram caras duros, mas que não desenvolveram muito a luta no chão. Sei que o wrestling dele é bom.
Você achava que o Aldo seria o primeiro nome da Nova União numa disputa de cinturão na categoria até 66kg pelo WEC?
O José Aldo passou na frente do Wagnney. O Wagnney chegou com muito mais moral, já chegou (no WEC) com o peso de ser o campeão da IFL. Mas o José conseguiu fazer cinco lutas e o Wagnney só duas. O José nocauteou todo mundo e ai caiu nas graças deles (do WEC). No início, a gente (a equipe Nova União) achava que o Wagnney que ia ser o primeiro a disputar cinturão.
Como é feita a escolha dos atletas que lutarão no WEC?
Eles que escolhem quem eles querem para os eventos. A gente não tem muito como se meter nisso não. Eles pedem o lutador que querem.
Você acha que o Aldo irá lutar contra o Miguel Torres caso vença o Brown?
Ofereci o Wagnney para fazer uma luta contra o Miguel Torres. Existe essa conversa, essa possibilidade. To esperando a resposta deles. Mas eles vão esperar a luta do José antes de falar alguma coisa.
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