sábado, 6 de agosto de 2011

Exclusivo: Vitor Belfort fala sobre Akyiama, Wanderlei e Anderson Silva

Foto: UFC

O UFC 133: “Evans vs Ortiz 2″ acontece amanhã, no Wells Fargo Center, na Filadélfia, Pensilvânia. Três brasileiros farão parte do card de lutas do evento, Rafael Natal e Rani Yahya, no card preliminar, e Vitor Belfort que retorna ao octógono para enfrentar Yoshihiro Akyiama.

O blog Mano a Mano conversou com o “Fenômeno” sobre o confronto com o japonês e a expectativa do brasileiro em disputar novamente o cinturão da categoria peso médio. Vitor falou ainda sobre o nocaute sofrido por Wanderlei Silva no UFC 132 e respondeu “silenciosamente” os insultos proferidos por Chael Sonnen.

Confira a entrevista exclusiva na íntegra:

Mano a Mano: A hepatite atrapalhou a sua preparação? Quantos dias você ficou sem treinar?

Vitor Belfort: Não prejudicou nada, não. Eu peguei e fiquei logo curado. Fiquei alguns dias de cama mas passou.

Qual foi o foco da sua preparação para a luta contra o Yoshihiro Akyiama? Você deu ênfase a alguma modalidade específica?

Fiz treino em geral, intensifiquei bastante a parte de chão, quero agradecer ao Gilbert Durinho, atual campeão mundial que veio me dar uma força, agradecer o Álvaro Romano também, que é da ginástica natural e que está fazendo um treinamento comigo, a toda minha equipe, minha família, minha esposa, meus filhos.

Você disse que essa luta é um retorno às suas origens. O que os fãs podem esperar de diferente no seu jogo?

Ah, sempre um lutador que busca o nocaute, que busca a finalização, e voltar às minhas origens eu quis dizer que fortifiquei bastante a parte de chão, o jiu-jitsu, fortifiquei muito a ginástica natural que eu costumava fazer muito no passado, e isso trouxe de volta as memórias do Carlson Gracie, um momento que foi muito importante na minha vida, então eu estou muito alegre e contente por ter reavivado essas memórias, memória muscular, memória auditiva, e foi jóia.

Sem falsa modéstia, você se considera o favorito para derrotar o japonês?

Olha, irmão, eu me considero um homem que estou em busca do meu objetivo. Favoritismo é conquistado lá dentro do ringue. É dessa maneira que eu encaro favoritismo. E sobre falsa modéstia, é dessa maneira que eu encaro a minha vida. Eu tenho que ir em busca da minha vitória lá dentro, lá dentro que a gente vai ver quem é o favorito.

Você acha que essa vitória pela qual todos nós estamos torcendo vai te dar o direito de disputar o cinturão para realizar a sonhada revanche contra o Anderson?

Espero que sim, né. Espero lutar contra o vencedor da luta do Anderson contra o Okami. É isso que eu desejo mas acho que não cabe a mim a decisão, é algo que já está fora do meu controle.

O blog tem perguntado a opinião de outros lutadores a respeito das declarações do Chael Sonnen. Quero perguntar para você, que é um atleta que se comunica muito bem e é considerado um porta-voz do MMA, qual a sua opinião sobre ele?

A minha opinião é que quando a gente não tem nada de bom para falar de alguém é melhor o silêncio. Eu acho que o que o Sonnen está querendo é aparecer na mídia principalmente em um lugar onde ele não era nem conhecido. Hoje o Brasil está dando um foco muito grande para ele, então o que eu tenho para falar como um cara como ele, que fez declarações infelizes, que falta com o respeito a si próprio?

Quando ele fala de uma nação e principalmente de um povo que passa pelo que a gente passa, que passou pelo que a gente passou quando os portugueses vieram e extirparam as nossas riquezas… nós não fomos um país como os Estados Unidos que tiveram preparação, tudo planejado.

Para muitos brasileiros que não conhecem a nossa história, Portugal foi a pior raça, extirparam as nossas riquezas, tiraram tudo o que a gente tinha, não planejou o país. E o país teve tudo para dar errado mas deu certo.

Então o povo brasileiro é um povo que é aguerrido, é um povo acolhedor, um povo feliz com as suas dificuldades como todo povo tem e quando alguém fala do nosso país, um país como o Brasil, eu acho que o melhor mesmo é o silêncio. Um cara que não respeita a si próprio nunca vai respeitar um país. Eu acho que a maneira dele chamar a atenção e poder continuar o trabalho dele é abrindo a boca e falando mal de quem não deveria falar.

[Perfeito]. Querendo ou não, caso você não consiga a disputa de cinturão se passar pelo Akyiama, ele é um cara que poderia te dar a oportunidade de lutar pelo título da categoria. Você gostaria de enfrentá-lo e fazê-lo engolir todas as besteiras que fala a respeito do nosso povo e dos nossos lutadores?

Meu amigo, vou te dizer o seguinte, se violência gerasse eficiência o mundo hoje estaria diferente. Acho que quanto mais violência, menos transformações poderão acontecer em uma pessoa. Independente de contra quem eu vou lutar, da maneira como vou lutar, a vingança é um desejo muito ruim porque acho que a vingança a gente espera em Deus. A gente não pode ter esse sentimento de vingança.

A gente fica triste com as declarações dele principalmente pelo histórico que ele tem. Me admiro muito ele falar assim mas com quem eu lutar eu vou dar o meu melhor, eu vou para ganhar, não vou para vingar. Eu trabalho com muito respeito porque há pessoas que não conhecem a luta e dizem ‘vai lá e vingue’, ‘dê uns tapas nele’, ‘dê uns sopapos nele’. Não é dessa maneira que eu encaro a luta, é com respeito, dedicação.

Enfim, a vingança não é um sentimento que está dentro de mim, é um sentimento que eu tento me abster dele, porque além de não trazer nada de bom para mim, é um sentimento que só vai gerar falta de entendimento e infelizmente as pessoas tendem a achar que nosso esporte é violento e que a gente não tem nada na vida para fazer. Então para quem não me conhece, o esporte da luta é como o futebol, como o basquete onde eu tenho muito respeito pelos meus oponentes. Mas infelizmente a gente não pode controlar a ação das pessoas fora do ringue, então alguns plantam coisas boas e alguns colhem coisas ruins, e eu acho que a colheita dele ele vai colher sozinho.

Mas com certeza se eu lutar com ele, eu vou dar o meu melhor e vou para ganhar e para definir a luta. Mas vingança eu acho que não recupera ninguém. Acho que ele tem que sentir e se desculpar das besteiras que ele fala e é isso, é dessa maneira que eu vejo.

Pode ser que do confronto entre Mark Munoz e Chris Leben saia o próximo desafiante do cinturão. Quem vencerá na sua opinião?

Vai ter a luta deles, vai ter também a luta do Brian Stann com o Chael Sonnen… tem bastante luta e vão estar bem divididas. Vai ter muita coisa acontecendo e vamos esperar qual vai ser o desfecho de tudo.

Por falar no Leben, você se surpreendeu com o nocaute dele sobre o Wanderlei Silva?

Não, não me surpreendi. Os dois têm o mesmo biotipo, os dois buscam o nocaute, jogam na trocação. Aquela foi a noite do Chris Leben, quando ele brilhou.

O empresário do Wanderlei disse ao MMAWeekly.com que ele fará um pronunciamento oficial sobre a continuidade da carreira dele. Você acha que é hora dele parar para preservar a saúde ou acredita que ele ainda tem lenha para queimar?

Ninguém melhor do que o Wanderlei para falar dele mesmo, não é? Eu espero que ele esteja bem. Eu prezo pela saúde da pessoa mas tem que ver com os médicos e com o próprio Wanderlei para ver o que ele acha, qual é o desejo dele. Só ele pode saber o que tem que ser feito.

Seria muita pretensão minha falar por ele, especialmente no meu caso porque eu não treino com ele, não sei como ele está, então é melhor esperar. A gente preza pela saúde, é óbvio que mesmo a gente sendo adversário a gente preza pela competição, não tenho nada contra ele, quero o bem e o sucesso dele. É um pai de família e é um homem que está em busca de fazer o trabalho dele e ninguém melhor do que ele mesmo para saber o que irá fazer.

Você ainda pensa em enfrentá-lo apesar dele ter ido pro final da fila?

Olha, eu procuro galgar passos caminhando para frente, eu busco o cinturão, esse é o meu desejo. Acabando essa luta [com o Akyiama] quero ter a chance de lutar contra o vencedor da luta do Anderson com o Okami.

Você tem preferência na luta do Anderson contra o Okami?

Olha, meu irmão, preferência é algo difícil para um atleta. Eu como brasileiro torço pelo sucesso do Anderson até mesmo pra gente poder fazer uma revanche. Mas estou torcendo por uma luta boa, uma luta franca. Acho bacana ver o sucesso do Anderson, um lutador brasileiro que conquistou coisas que até hoje ninguém nunca havia conquistado.

Vitor, obrigado por essa entrevista. Gostaria que você deixasse uma mensagem final aos seus fãs do Brasil e de todo o mundo.

A mensagem é a de sempre. Sigam em busca dos seus sonhos e não deixe que os sonhos se tornem desejos, pois desejos são passageiros. Que as pessoas possam viver uma vida de princípios, que elas possam amar mais, ter mais confiança naquilo que elas fazem, perdoar mais e lutar por um objetivo em busca de uma vida melhor, para se sentirem melhor, poder ajudar o próximo, amar o próximo e não deixem de me acompanhar no meu site www.vitorbelfort.com e no meu twitter @vitorbelfort onde estou sempre me comunicando, promovendo debates.

Acho que é uma forma muito bacana de você poder se relacionar com os fãs, algo que a gente não tinha antes, esse contato direto com a pessoa, então isso nunca existiu a pessoa poder mandar uma mensagem para mim diretamente e poder falar tudo o que tiver direito. Isso é muito bacana.

Fique com Deus e dê um abraço na Joana e nas crianças.

Valeu, irmão, até mais.

*Agradecimento especial: Pedro Lima, assessor do Vitor

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