Marcelo Alonso
Chinzo Machida é um dos principais responsáveis pela bem sucedida carreira de seu irmão, Lyoto, no vale tudo. Com diversos títulos no Caratê, Chinzo planeja voltar este ano ao MMA, esporte onde fez apenas duas lutas. Em entrevista ao Portal do Vale Tudo, o lutador comentou seus planos para o retorno ao vale tudo, além de analisar os erros e acertos de Lyoto no combate contra Mauricio Shogun.
O que você achou da luta do Lyoto? Como foi o planejamento e o que você achou que deu certo e errado?
O Lyoto treinou bem, entrou preparado, como havia treinado para as outras lutas, e o Shogun realmente usou uma boa estratégia, de minar a movimentação do Lyoto. Realmente ele acertou alguns chutes, mas depois a gente tentou colocar algumas coisas para o Lyoto melhorar e ele foi sempre buscando o nocaute, sempre que o Shogun chutava, o Lyoto mandava (um soco) para tentar terminar a luta. Foram golpes que o Shogun segurou, mas que entraram, vários na cabeça, joelhadas no corpo. O Shogun, por acertar algumas vezes a perna dele, deixou o Lyoto sem a movimentação que poderia estar no quinto round se não tivesse levado os chutes, e isso dificultou para nós e foi de certa forma uma surpresa. Na hora, vimos que o Lyoto ganhou, e ainda mais depois de ver o vídeo round por round, daria empate no quarto round, vitória do Shogun no quinto e do Lyoto nos três primeiros, porque ele procurava uma brecha para finalizar a luta, mas o Shogun não. Ele começou com boa estratégia, mas não a aproveitou nem para tentar finalizar a luta.
E agora, qual será a estratégia que vocês vão utilizar para “matar” esse jogo do Shogun?
Vamos ter que estudar toda a luta de novo, ouvir o que o Lyoto sentiu durante a luta de novo. Já anotamos num papel várias coisas, já fizemos um caderninho com erros, em reuniões depois da luta, quando ainda se está com a memória fresca. Vamos analisar a fase da preparação até a hora da luta, porque sabemos que tivemos erro e precisamos melhorar. Vamos estudar o vídeo, a nova luta vai ser baseada em cima da primeira, além de novas coisas que podem vir.
E você, tem alguma perspectiva de volta? Você já lutou duas vezes no vale tudo, já conquistou diversos títulos no caratê. Os fãs podem ter perspectiva de te ver lutando no MMA?
Eu lutei vale tudo para experimentar, porque o Lyoto já fazia e eu queria me testar porque meu pai sempre ensinou o caratê como arte marcial. Fiz duas lutas, mas depois teve Campeonato Mundial e vários outros brasileiros de caratê e me envolvi mais ainda, mas em 2010 tenho como objetivo reestrear no MMA. Acho que até 70kg seria um bom peso, porque estou com 75kg e outras pessoas de 77, 85, 88 descem para 77kg, eu lutaria melhor até 70kg. Tenho treinado sempre jiu-jitsu e wrestling, e acho que com mais um tempo fazendo isso tenho como reestrear.
Qual seu peso, altura e idade?
32 anos, 1,76m e 75kg.
Há algum evento especial que você gostaria de lutar?
Estou muito ligado ao Lyoto, e o Joinha e o Eddy serão meus empresários, e eles falaram que quando eu estiver pronto, a qualquer hora, eles vão arrumar um evento. Pode ser WEC, UFC... Vamos ver.
Seu pai diz que seu estilo é mais agressivo do que o do Lyoto. O que podemos esperar nesse retorno? Você vai se adequar e ficar mais defensivo ou a ofensividade que marcou teu jogo no caratê vai ser a mesma no MMA?
Acho que a parte ofensiva é característica de cada um, a minha sempre foi mais ofensiva e do Lyoto mais contra-ataque. Mas temos que equilibrar, não posso ser muito ofensivo e me tornar vulnerável, não posso me afobar. Tenho que manter a calma e achar o momento certo para atacar e defender.
Quem você acha que são os grandes tops que você quer, de repente, vir a enfrentar?
O BJ Penn, um cara que provou ser o melhor de todos. Analisando os mais leves, tem o José Aldo, que gostei muito do jogo. Os mais leves apresentam mais técnica, rapidez e agilidade do que os de peso maior e tem que estar bem preparado para enfrentar essas feras aí.
E você pensa em competir em 2010 no caratê ou só no MMA?
Esse ano vou me dedicar para voltar ao MMA, mas meu foco sempre foi o caratê. Depois de ganhar 12 campeonatos brasileiros, pan-americano, sul-americano e vice mundial, sonho em ser campeão mundial de caratê, porque é algo que busco desde novo. O MMA é uma coisa nova, um desafio, e como não tem tido campeonato mundial de caratê devido à crise do Japão, o MMA é um bom caminho, porque não consigo ficar sem lutar.
E no Jiu-Jitsu? Você é faixa roxa ou marrom?
Até mês passado, era roxa. Mas participei de uma etapa do Campeonato Paraense e ganhei as duas as lutas na faixa roxa, e depois de um mês o professor Michel Menezes, aluno do De La Riva, me deu a faixa marrom.
O Jaime Sandal elogiou muito vocês. Como você vê o caratê Machida valorizado no MMA?
É uma coisa boa, porque é uma arte marcial que nós sempre soubemos do potencial. Isso desde que seja treinado num método correto, mas o caratê estava desacreditado. Precisou vir a gente e o Lyoto mostrar que é uma técnica eficiente, que dá pra usar como arte marcial e que as pessoas têm que respeitar. Quanto mais pessoas mostrarem o valor que o caratê tem, nós só temos a agradecer.
Você percebeu que o Jaiminho já fez um trabalho no jogo do Vitor? Você como especialista viu diferença?
Senti que o Vitor melhorou a distância no caratê, a defesa dele ficou boa com a distância maior. O Rich Franklin não conseguiu achar muito a distância pra bater nele, mas ao mesmo tempo achei o Vitor sem entrada, ele não conseguiu ter êxito no ataque com aquela distância, ele usou ataque de boxe, que está acostumado a fazer. Ele chegou perto e usou o boxe. Mas deu para ver uma postura de caratê na base.
Percebemos num evento aqui em Belém uma influência muito grande do caratê de vocês. A galera já lutava com a base aberta, isso é uma procura maior da galera daqui?
Realmente há uma procura, as pessoas estão procurando aprender, inclusive os lutadores. Porque é uma técnica que você não vai trocar porrada, vai bater e evitar ser batido, essa é a verdadeira arte marcial. É como no jiu-jitsu: quanto menos apanhar, melhor. Essa é a essência da arte marcial japonesa, a da defesa pessoal, porque se você bater e também deixar bater, o mais forte vai ficar. A finalidade da arte marcial não é essa, é você bater, neutralizar o adversário, e não receber, não apanhar.
Muita gente apontou os low-kicks como ponto fraco do caratê Machida, porque o Shogun fez isso e o Lyoto se perdeu um pouco. Como vocês vão trabalhar essa defesa, que é uma coisa mais do muay thai e não do caratê?
O caratê é completo, também tem essa defesa de low-kick, mas o Lyoto não usou nessa luta. Nós não usamos muito low-kick, e apostamos que quando o Shogun viesse com esses chutes, o Shogun entraria com o golpe e ele sentiria. Ele sentiu, mas agüentou, e a estratégia do Shogun de certa forma ganhou, porque não atingimos o objetivo de nocautear. O Lyoto não perdeu, muito pelo contrário, mas em termos de estratégia, fomos neutralizados. Mas vamos treinar isso, ver as formas de bloqueio, de saída para os lados e tentar estudar melhor isso para evitar os low-kicks na próxima luta.
http://www.portaldovt.com.br/pt/?channel=2&id=1326
Confira nos vídeos abaixo duas atuações de Chinzo no MMA
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