Por Guilherme Cruz
Foto Marcelo Alonso
O treinador Josuel Distak está com a agenda cheia. Preparando Ronaldo Jacaré para sua disputa de cinturão no Dream, o técnico abriu as portas da X-Gym para a TATAME, mostrando os treinos de seus lutadores “galáticos”, como ele mesmo diz. Em entrevista a Marcelo Alonso, Distak rebateu as críticas ao recordista do UFC, Anderson Silva, e garantiu: “Anderson é uma luta péssima para o Griffin”.
No bate-papo que você confere a seguir, Distak falou sobre seu sonho: conquistar quatro cinturões, dois cinturões no oriente e dois no ocidente. E está perto disso, com Rafael Feijão disputando a cinta do Strikeforce, Jaca no Dream, Anderson no UFC e Paulão indo para o Dream. Além de seus lutadores, Josuel comentou, ainda, a próxima luta de Wanderlei Silva, contra Rich Franklin, e como seria uma luta de Wand contra sua maior estrela, Anderson. Confira abaixo a entrevista exclusiva com Distak.
Como você encarou as críticas ao Anderson Silva?
Nós fizemos a coisa certinha, treinamos o estímulo, mas o Thales não deu estímulo. Com isso, não fizemos uma reação, pois nós estávamos treinando ação e reação. Como o Thales não deu ação, a gente não teve a reação, precisávamos de um estímulo. Mas já passou e essas críticas só nos fortalecem, tanto ao treinador quanto ao Anderson Silva. Isso inspirou tanto que o Dana White colocou um cara que é estímulo. É estímulo que ele quer? Então está ótimo, é estímulo que a gente vai dar, precisamos disso. É uma luta boa para o Anderson e uma luta péssima para o Griffin.
Porque você acha isso? O Anderson agora vai voltar a ser o que todo mundo está acostumado a ver?
Com certeza, porque o Griffin é um cara que dá estímulo, que gosta de lutar. Você vê a luta contra o Rich Franklin, que é um cara que tem estímulo, o Anderson espancou e detonou, assim como nas lutas contra Dan Henderson e James Irvin. O Griffin vai ser mais um que o Anderson vai detonar, porque é um cara que dá estímulo.
Existem alguns comentários que dizem que a participação do técnico é fundamental no estilo de luta do Anderson. Antigamente, com o Diógenes, ele tinha o estilo de partir para dentro o tempo todo e era estimulado a atacar o tempo todo, hoje, com você, o estilo é mais de jogar na inteligência e na tática. O que você tem a dizer sobre isso?
A luta do Anderson com o Dan Henderson, que foi com a gente, teve ataque e finalização, assim como a luta dele com o James Irvin, e outras. Nas últimas duas lutas, o que acontece é que o Anderson é um cara que já lutou muito, chega certo tempo que dá idade. Então, para levar isso e manter o cinturão, é mais uma responsabilidade e isso às vezes satura muito a mente do lutador. Você vê a luta do Fedor com o Arlovski, ninguém viu o Fedor de verdade. Mas, no momento certo, ele largou uma bomba e o Arlovski foi nocauteado. Aí a gente pergunta. E aí? O Fedor foi aquele de antigamente, que partia para dentro? É a mesma coisa do Anderson, muita cobrança, saturação, o que eu acho que leva um pouco também o lutador a se resguardar. O que ele precisa agora é manter o cinturão. Agora vai ser uma luta boa, que é sem responsabilidade de cinturão. Aí fica ótimo para ele.
Você acha que o fato de ele estar um pouco saturado pode ser prejudicial no treinamento dele?
Não. Acho que isso é até ótimo, porque vai ser uma luta sem responsabilidade, é uma luta na categoria de cima. Isso é bom até mesmo para ativar o estímulo dele, para voltar a ser o Anderson Silva que todo mundo gosta de ver, o nocauteador. Acho que vai ser uma luta para acordar.
E essa vontade do Wanderlei Silva de lutar com o Anderson? Como você veria uma luta entre os dois?
Vai ser uma luta boa, porque os dois vêm de uma escola agressiva, que é da Chute Boxe. Vai vencer o mais preparado e o melhor qualificado. Eu acho que dá Anderson. Ele levaria a luta, como tem levado, se for pelo cinturão. Agora, se for uma luta sem responsabilidade, acredito que o Anderson vai partir para nocautear.
E a luta do Wanderlei com o Rich Franklin?
Acho que dá Wanderlei, porque o jogo não casa.
Como você vê a volta do Paulão?
Vai ser ótima. Ele só está esperando o Dream dizer qual é o adversário dele. O povo vai achar melhor o Paulão lutando 93kg e, com certeza, depois ele vai voltar bem, não vai ter saturação de peso.
Então não há possibilidade de dois atletas seus se enfrentarem (Paulão e Jacaré)?
Como um está no ocidente e outro no oriente, resolvemos subir o Paulão para 93kg. Independente de qualquer maneira, porque o Feijão também é outro 93kg nosso, duríssimo. A nossa meta é deixar dois no ocidente e dois no oriente.
Como você analisa o Jacaré para o Dream?
Ele é um cara que está super preparado, está pronto. Treinou seis meses, fez a tática toda junto com o Anderson Silva, ele fortaleceu muito o chão do Anderson. Você viu que o Thales caiu em uma posição boa e o Anderson repôs a guarda e ainda tentou dar um triângulo. Isso foi fruto de um trabalho com o Jacaré, com o Feijão, Sylvio Behring. Essa luta para o Jacaré, com certeza é nocaute. E pode ser em pé, pode ter surpresa.
O que o Jacaré tem de forte e diferenciado?
A diferença dele é a disposição em realizar o sonho. Ele é um cara que acredita muito e corre atrás dos sonhos. Ele é muito explosivo e agressivo no treino, mas, na família, ele é uma doce pessoa. Acho que diferença do Jacaré está nisso, de não voltar atrás.
Qual a principal qualidade dos seus atletas?
Feijão: Para mim, ele é o melhor 93kg que há no mundo, só falta uma chance. Ele é um lutador completo, embaixo, em cima. No UFC ou em qualquer evento do mundo, ele é o dono do cinturão.
Anderson: Ele me chamou a atenção por ser um cara 100% família. Isso é um ponto fundamental para um lutador.
Paulão: ‘Dog’. O ponto fundamental dele é cachorro (risos). Se tirar o ‘dog’ da vida do Paulão, acho que acaba com ele. Nunca vi um homem amar tanto um cachorro como ele. Hoje está com 24 cachorros, que moram com ele em Niterói, mas já teve 70, está diminuindo. Isso não o prejudica, porque o dá o maior estímulo e prazer, é o hobby dele. Hoje, graças a Deus, ele está tendo apoio da mãe, do pai, da nova namorada, a Dani, e dos amigos. O Jacaré está sendo uma ajuda fundamental.
Como o Jacaré está ajudando o Paulão?
Ele sai do treino dele aqui e vai para Niterói ajudar o Paulão. É a união, o Jacaré ajudando o Anderson, o Paulão e o Feijão. Isso é algo fundamental que eu e o (Rogério) Camões, com a ajuda de Deus, conseguimos unir os maiores 93kg do mundo.
Como é colocar esses “pitbulls” para treinarem juntos sem se machucar?
No início do treino, eles treinam contato real. O público, se pudesse ver ter um BBB na luta, ia falar que isso é uma coisa anormal. No início dos treinos são os galácticos, mas, quando está perto da luta, a gente tira os galácticos e põe as estrelas, para ninguém se machucar. Perto da luta a gente já não os põe treinando juntos, porque eles têm sangue no olho. Nesse estágio final são só as estrelas, porque o nível é muito alto e o treino pode terminar quente.
Se você colocar nessa academia Feijão e Jacaré treinando, ou Jacaré e Anderson. Não passa pela sua cabeça fazer um negócio com as produtoras americanas?
Passa. A TATAME podia fazer essa parceria e molhar a plantinha. Aí vai dar tudo certo, vai bombar (risos). Ver o treino dos galáticos no PPV ia chegar a bater o público do Ultimate. O trabalho aqui não para, estamos acabando o trabalho do Jacaré e do Paulo Filho, e vamos embarcar para os Estados Unidos, eu, Rogério Camões, Jacaré e Paulo Filho, para começar o trabalho com o Anderson Silva, sendo que ele já está se preparando. Vamos sair daqui para o Japão no dia 20, e, quando sairmos de lá, vamos para Los Angeles ajudar o Anderson Silva para a luta contra o Griffin.
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