Por Marcelo Alonso
Fotos Marcelo Alonso
Pronto para o UFC 98, ao americano Chris Wilson segue treinando forte na Minotauro Team, no Rio de Janeiro. Após um treino com os irmãos Minotauro e Minotouro, Chris conversou com a TATAME sobre sua próxima luta, contar Brock Larson, no dia 23 de maio, e ainda bateu um papo sobre os brasileiros no maior evento do mundo, apontando Anderson Silva como “o Rickson da luta em pé”, comentando Thiago “Pitbull” contra Georges St. Pierre, Randy Couture x Minotauro e muito mais. Confira abaixo o bate-papo imperdível.
Como você fala tão bem português? Alguém da sua família é brasileiro?
Eu fui criado um pouco mais da metade da minha vida aqui no Brasil, no interior de São Paulo... Só tem caipira, todo mundo me zoa porque eu falo “porrrta”. A minha família inteira é americana, exceto por uma irmã adotiva, que é brasileira, mas nem lembra mais como se fala português. Minha família me trouxe para cá bem pequeno, eles eram missionários batistas. Estou com 31 anos e, com 17, parti para o Brasil, indo e voltando. Eu nasci em Portland, no Oregan.
Como você entrou no MMA?
Eu assistia, gostava muito, mas meu treino era muito limitado, não treinava muito MMA. omecei com o Full Contact e depois passei a treinar Muay Thai. Quando eu voltei para os EUA, eu estava à procura de um lugar para começar a treinar Muay Thai, e eu já havia treinado um pouco de Jiu-Jitsu... Comecei a fazer MMA porque, quando eu estava procurando o Muay Thai, descobri uma escola muito grande de Vale-Tudo na minha cidade, a Team Quest. Daí comecei a aperfeiçoar mais o Submission, pois eu tinha feito mais Muay Thai, e lá não existia aulas com quimono. Fui fazendo Submisson e entrei para o MMA.
Na época que eu entrei, ainda estava todo mundo lá: o Randy Couture, Matt Lindland e muitos outros que foram saindo e fazendo outras coisas e, no decorrer do tempo, fui treinando lá e na Team Quest do sul da Califórnia, onde treinava o Dan Henderson, a quem visitei várias vezes. Treinei com ele, com o Sokoudjou, isso mais recentemente, há uns dois anos. Quando eu comecei, há uns seis ou sete anos atrás na Team Quest, ainda estavam todos os caras lá... O Randy está agora
Como você veio parar aqui, já que você tem uma esposa brasileira?
Na verdade, eu sou do interior paulista, Ribeirão Preto e gostaria de morar lá... Estou numa fase de adaptação aqui no Rio de Janeiro, que eu adoro, mas os costumes são diferentes. Não é a mesma coisa, as pessoas se tratam diferente, mas tudo bem, porque eu sou um lutador profissional e tenho que treinar nas melhores academias possíveis e acredito que a melhor academia de MMA do Brasil seja essa (Minotauro Team). Não estamos em Ribeirão, mas estamos no Brasil, bem perto de lá, então já está ótimo.
Como foi a sua entrada no UFC?
Eu vinha de algumas boas vitórias no IFL, aí fui para o Bogod, onde venci duas lutas. Eu ainda tinha contrato com o Bodog quando fui de férias para o Havaí. No Havaí, o UFC me ligou, porque o Jon Fitch ia enfrentar o Akiriro Gono, que quebrou a mão, então eles iam precisar de alguém e o meu empresário deu um jeito de eu sair do Bodog, que estava numa época que ninguém sabia se iria para frente ou não. Saí do evento, assinei com o UFC e eles me deram um mês de antecedência para eu lutar contra o Jon Fitch, que foi a minha primeira luta no UFC. A gente ganha umas lutas, perde outras, mas, no final, acho que essa foi a melhor escolha ter pego essa luta.
Quem vai ser o seu próximo desafio?
O meu adversário foi trocado porque quebrou o pé, então trocaram pelo Brock Larson. O Jon Fitch vai pegar o Paulo Thiago e vai ser uma luta boa, muito dura para o Paulo Thiago, mas é bom ver outros brasileiros no UFC, então ele tem que abraçar isso... Quando eu lutei com o Fitch perdi na decisão, o Thiago ganhou do (Josh) Koscheck, então eles deram essa oportunidade a ele, eles deram uma chance para ele se provar.
O que você acha do Paulo Thiago?
Eu nunca treinei com o Paulo, mas fico feliz de ver o atleta brasileiro se desenvolvendo nesse nível, porque o esporte é uma dificuldade nesse país. Por mais que você seja positivo e diga que o esporte está crescendo, tem cara aqui que tem que morar na academia, vive do que consegue e tem poucas oportunidades de luta e, quando conseguem lutar, ganham 500 reais... Assim não dá para viver, ter uma família, por isso eu fico muito feliz quando um cara como o Thiago tem uma oportunidade dessa, fico feliz pelos brasileiros.
O que você espera da luta entre o Thiago “Pitbull” e o Georges St. Pierre?
Eu torço pro Thiago, que é um cara legal, mas o GSP está muito difícil hoje
Você é um dos caras mais altos dessa categoria...
É... E o pessoal aproveita. Tenho 1m86s e os caras vão sempre nas pernas, não tem jeito. Se tem uma coisa que eu não entendo no UFC é porque que não botam um striker para lutar comigo... Primeiro me deram o Jon Fitch, depois o Steve (Bruno), que era pra ficar em pé, mas o cara tentou me dar queda a luta inteira. Aí peguei o John Howard, que era pra ser em pé, mas me levou pra baixo. Tentei defender... Por que os caras não põe um striker para eu trocar um pouco? Nessa minha luta contra o Brock Larson, acho que ele vai entrar querendo mostrar como é o bom, sendo que as finalizações que ele fez foram contra adversários que davam as costas quando estavam apanhando, mas eu garanto que não vou perder outra não.
Como você foi recebido no CT dos Irmãos Nogueira?
Primeiro, eles me olharam tipo “qual é desse cara?”, depois perceberam que eu falava português e esperaram para ver o que eu ia fazer... Mas eu não sou muito de querer saber mais que os outros, de querer mostrar que eu sou o bom... Eles são muito abertos, contanto que você seja gente boa e, como eu não tenho a necessidade de achar que eu sou melhor do que ninguém, me abri pra eles, eles me aceitaram e foi legal. O pessoal é bastante boa praça, rola bastante risada.
O pessoal nos EUA sabem de suas origens, sua relação com o Brasil?
Não na rua, porque eu não tenho sotaque, mas, no mundo da luta, o pessoal acaba sabendo porque pergunta a respeito e eu conto um pouco da minha história.
E como eles encararam sua mudança de time para a Minotauro Team?
Eu não acredito em creontismo, esse negócio de mudar de time, porque eu não estou pulando de time
Como você acha que vai ser a luta entre o Randy Couture e o Minotauro?
O Randy realmente tem uma habilidade muito grande de botar a luta onde ele quer. O problema é que onde ele quer é o forte do Minotauro... Sinceramente, eu acho que o Randy não vai conseguir finalizar o Nogueira nunca, pois ele vai levar vantagem no chão por baixo e por cima, o que não significa que a luta esteja definida... O Nogueira tem maior envergadura do que o Randy, e o Randy evoluiu na trocação, mas ainda não é trocador. Ele vai bater pra botar pra baixo... Claro que vou escolher o Nogueira para ganhar. Apesar de eu ter treinado com os dois, eu não tenho nenhum palpite... O Rodrigo vai tentar bater e o Randy vai tentar dar uma queda... Se cair, o Rodrigo já vai tentar sair pro braço, no omoplata. O Randy pode tentar o ground and pound, o Rodrigo vai sair. Ele está acostumado, pois joga na guarda melhor do que qualquer outro... Não consigo ver como var ser essa luta.
Você já treinou com o Anderson Silva, o que achou?
Nossa... Eu nunca treinei com o Rickson, mas, pelo que o pessoal que já treinou fala, eu posso imaginar... Acredito que o Anderson seja o Rickson da luta
Como você vê uma luta entre ele e o St. Pierre?
Acho que o Anderson iria matar o GSP. Eu não acho uma boa idéia o GSP subir de categoria e lutar contra ele. Se ele subir poderia se dar bem, pois ele tem habilidade, mas contra o campeão não dá.
E no caso do Anderson, como você vê essa subida de categoria?
Você viu o que aconteceu com o James Irvin... Aquilo lá foi um absurdo, eu acho que o Irvin não poderia botar nem o pé no mesmo Estado do que o Anderson. Deveria ter uma lei, porque ele não teria habilidade para lutar com ele, independente da categoria. Como o Anderson tem muita habilidade ele pode subir de categoria e se dar bem. A diferença de peso vai pesar quando ele subir num nível mais alto da categoria, mas ele falou que não disputaria o titulo com o Lyoto, que acho que vai ganhar do Rashad.
E essa luta entre o Lyoto e o Rashad, o que você acha que vai dar? O Wanderlei falou que ia cada um para um canto do octagon...
O Lyoto bate e sai, e o Rashad não é em toda luta que bate e sai, ele só fez isso contra o Liddell, porque ele joga no contra-ataque, e o nocauteou em um contra-ataque... Acho que o Lyoto vai aproveitar da velocidade de movimento que tem, que nem contra o Tito (Ortiz)... Pode ser assim o transcorrer da luta contra o Rashad.
Quem são os caras que você treinou que mais te impressionaram?
O BJ Penn, pelo tamanho dele é muito bom no chão, eu não achava que ele ia conseguir se fazer tão pesado. O Anderson é muito bom, Randy (Couture), os Nogueiras, o Dudu Dantas, o Vitor (Belfort) é muito bom. Acho que 83kg é melhor para o Vitor, porque ele fica rápido, forte... Essa é uma boa categoria para ele, acho que ele pode ir bem longe.
Você se considera mais brasileiro ou americano?
Eu tento ser os dois. Amo muito o Brasil, tenho amigos de infância aqui, mas tenho muitos laços lá. Minha família está toda lá, meu pai e minha mãe... Quando estou aqui sinto falta de lá e, quando estou lá, sinto falta daqui.
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