Diego Ribas, do R7
Vitor Belfort: "Lutar para o meu povo sempre foi meu sonho"
Aos 33 anos, Vitor Belfort teve a chance de se tornar o primeiro lutador a conquistar três cinturões em categorias diferentes no maior evento de MMA do planeta, o UFC. Ao enfrentar o compatriota Anderson Silva, Vitor tentava incluir o título dos médios (84 kg) em sua “coleção”, que já contava com o dos meio-pesados (93 kg) e pesados, conquistados em 2004 e 1997, respectivamente.
Em grande luta, na qual ambos atletas mostraram estar em excelente forma, Anderson manteve o cinturão ao nocautear o rival com um impensável chute no queixo, frustrando os desejos do “Fenômeno” (apelido de Belfort no mundo das lutas).
- Fui escolhido, ganhei na loteria [risos]. Tinha certeza que eu ia ganhar, estava muito preparado, mas fui pego. Qualquer um cairia com aquele chute.
Comprovando que ainda pode lutar em alta performance, o carioca radicado em Las Vegas falou com exclusividade ao R7 e planeja trilhar um novo caminho em busca do tão sonhado título. Em suas contas, duas vitórias lhe dariam nova chance. E entre os possíveis adversários pode estar um velho conhecido: Wanderlei Silva.
- Com certeza me interessa enfrentar o Wanderlei. Tudo aquilo que é um grande desafio, e que é de desejo dos fãs, é interessante para mim.
Em 98, em sua única apresentação diante dos fãs brasileiros, Vitor comprovou a alcunha de “Fenômeno” e nocauteou o rival curitibano em apenas 45 segundos para delírio dos paulistas que lotaram o ginásio do Canindé.
Para alegria dos fãs, especialmente dos cariocas, o UFC fará nova edição no Rio de Janeiro e, como de costume, deve rechear seu card com diversos atletas do país que sedia o evento. Se depender de Belfort, uma das vagas já está ocupada.
Acompanhe a entrevista completa com o lutador:
R7 - Sua luta contra o Anderson Silva foi a de maior repercussão na história do MMA no Brasil. Você acredita que ela pode ser um divisor de águas do esporte no país?
Vitor Belfort - Com certeza é. Inclusive eu falei que seria antes mesmo de a luta acontecer. O grande problema do Brasil é entender como o esporte cresce. Sempre tive visão empresarial, sempre vi que o melhor lutador deveria enfrentar o melhor lutador, é a melhor maneira para que o esporte seja visto como competição saudável. E essa luta mostrou a importância de lutas assim acontecerem para fazer o esporte crescer. Foi um divisor de água, mas existirão outros que irão marcar também. O importante é fazer parte, ter uma visão empresarial. Essa luta fez com que o Brasil se interessasse mais pelo esporte.
R7 - E após a luta, como foi o processo para absorver o resultado?
Belfort - Não foi o que eu esperava. Não desmerecendo ele, pelo contrário, mas, a forma como foi, nem ele esperava. Mas é aquele ditado, quanto mais se treina, mais sorte se tem. Caiu para ele no momento certo, parabéns pra o Anderson. Agora é correr atrás, fazer duas lutas e, se Deus quiser, voltar a disputar o cinturão do UFC. Fui escolhido, ganhei na loteria [risos]. Tinha certeza que eu ia ganhar, estava muito preparado, mas fui pego. Qualquer um cairia com aquele chute. Quero parabenizá-lo por como ele executou o golpe. O campeão não precisa vencer para mostrar humildade, fiquei feliz com a postura, esse é o Anderson que eu conheço.
R7- E agora, quais são seus próximos planos dentro do UFC? Já tem uma data para um possível retorno?
Belfort - Pedi para a organização do evento para lutar no dia 28 de maio, no UFC 130, em Las Vegas. Requisitei, vamos ver qual o posicionamento dos promotores.
R7 - Aqui no Brasil, muito se fala em uma revanche sua com o Wanderlei Silva. Tem algo sobre isso? Já foi conversado com o UFC sobre essa luta?
Belfort - É um desejo do UFC, dos fãs, do próprio Wanderlei. Seria um grande combate, com certeza seria muito interessante.
R7 - Interessa a você esse combate?
Belfort - Com certeza me interessa enfrentar o Wanderlei. Tudo aquilo que é um grande desafio e que é de desejo dos fãs é interessante para mim.
R7 - Sobre as provocações do Wanderlei, que inclusive já começaram, algo te incomoda?
Belfort - Se ele viver o que ele prega, não. Se não viver, sim. O grande problema é a falsa humildade, falar de valores e faltar com respeito. Todos podem vencer e nocautear. Alguns escondem seus medos através da arrogância, confundem confiança com arrogância. Se ele quiser provocar de maneira respeitosa, normal, caso contrário os próprios fãs rejeitam.
R7 - E você acha que isso aconteceu com o Anderson, que foi vaiado antes mesmo de usar a máscara durante a pesagem?
Belfort - Aconteceu um pouco, pela maneira como ele quis promover a luta. Não levo rancor algum. Creio que o atleta tem que ter consciência que tem famílias e crianças assistindo ao espetáculo.
R7 - E o UFC Rio? De você lutar no UFC 130, dá tempo para estar no card em agosto?
Belfort - Quero lutar, tenho todo interesse do mundo nisso. A única vez que lutei no Brasil foi em 98. Lutar para o meu povo sempre foi meu sonho. Sou jovem, fui um dos percussores do esporte no país. Seria uma recompensa, um privilégio e uma alegria tremenda. Dou muito valor ao povo que paga para ver a luta, torcem pelo que você é, independente se você ganha ou perde.
R7 - Você já planeja dois combates nos próximos meses. Foi campeão aos 19 anos, venceu em duas categorias e acaba de disputar um outro cinturão, aos 33 anos. Qual é a sua motivação para, após 15 anos, continuar competindo em alto rendimento?
Belfort - Minha motivação para lutar é retribuir o talento que Deus me deu para sociedade de uma forma positiva. Tentar ajudar outras pessoas. Dar orgulho a minha família e meus fãs. Sei que através desse esporte posso influenciar uma geração de jovens, levar valores da família de uma forma que eu acho importante. Muitos atletas influenciam de forma negativa. Por isso minha maior motivação é levar esses valores adiante.
R7 - Por último, quer mandar um recado aos seus fãs que o acompanham pelo R7?
Belfort - Quero agradecer a todos os fãs que me trazem alegria, que valorizam meu trabalho. Muitas pessoas choraram de verdade quando eu perdi, isso não tem preço. Um amigo meu estava em São Paulo e disse que quando eu perdi parecia Copa do Mundo quando o Brasil perde. Isso é uma coisa verdadeira, é uma carreira, um reflexo de minhas atitudes do dia a dia.
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