sexta-feira, 19 de março de 2010

Mestre Índio e as dívidas do Bitetti Combat

Tatame)

Mestre Índio, o único de cabeça branca. (Foto: Tatame)

Como prometido ontem por este blog, segue entrevista bombástica com Mestre Índio a propósito do último Bitetti Combat disputado em Brasília há três semanas.

Ainda ontem, o blog Mano a Mano publicou trechos e um resumo da entrevista. O que já resultou em uma apressada nota de esclarecimento por parte dos promotores do evento.

A nota não contradiz as informações afirmadas por Mestre Índio durante a entrevista concedida anteontem à noite.

No início da tarde desta última quinta-feira conversei novamente com Mestre Índio. Ele disse que tava recebendo forte pressão para desmentir a entrevista, mas garantiu que não faria isso, como não fez.

O máximo que Índio fez foi negar que pudesse ter circulado notícia na net em que ele chamava o cartola Amaury Bitetti de caloteiro.

Em nenhum momento este blog informou que Índio teria acusado o Bitetti de dar calote. O que Índio disse foi que Bitetti e seu sócio Fernando Miranda haviam deixado uma bolada em dívidas para trás.

Segue a nota de esclarecimento do Bitetti Combat:

- Yanko, responsável pela Mix Travel, fornecedora de passagens para o Bitetti Combat 6: “Não sei porque falaram esse tipo de coisa (calote nas passagens). Não partiu de mim e não fui eu quem falou. Estamos em contato direto. Hoje mesmo falei com responsáveis pela organização do Bitetti Combat e tenho certeza que tudo está sendo resolvido”.
Comentário meu: Mestre índio não falou em calote, apenas apontou uma série de dívidas do Bitetti Combat. Provavelmente a pergunta do jornalista responsável pela nota de esclarecimento induziu o entrevistado a errar ao citar a palavra calote. Yanko afirma que tudo “está sendo resolvido”, portanto confirma que os pagamentos ainda não foram efetuados, como afirmou Mestre Índio.

- Mestre Índio: “Jamais chamei o Amaury de caloteiro ou algo assim. Não acredito que tenha saído uma declaração assim minha. Inclusive, por ele ser um faixa-preta do mestre Carlson, não acredito que ele faria algo assim. O que houve foi um mal entendido. Algumas pessoas me ligaram por eu ter apresentado ele e o Fernando e fiquei preocupado, afinal, tenho um nome a zelar. Mas parece que as partes já estão se acertando. Entretanto, não diria que ele deu bolo em ninguém. Realmente paguei a passagem dos meus filhos (Danillo e Yuri Villfort), porque eles viriam a Brasília num voo que chegaria em cima da hora. Mas fiz isso porque eu quis e não houve nenhum pedido do Amaury em relação a isso. Algumas pessoas realmente me ligaram, mas acredito agora que tudo está sendo resolvido”.
Comentário meu: Mais uma vez fica claro a intenção de confundir o leitor e o entrevistado com expressões que não foram usadas na entrevista e que, portanto, acabariam negadas por Mestre Índio. Nenhuma linha da matéria de ontem fala em calote, e sim em dívidas. Não entendo porque o jornalista que formulou a nota de esclarecimento insistiu tanto em perguntar sobre uma acusação de calote, já que essa não foi a expressão usada por Mestre Índio na matéria.

- Amaury Bitetti: “Lógico que pagaremos todas as bolsas, como estamos fazendo em todos os eventos. O combinado com os lutadores é começarmos o pagamento a partir do próximo dia 25, um mês após o evento. O evento envolve custos altíssimos e não tem como quitar tudo de uma só vez. Todas as despesas estão e serão pagas”.
Comentário meu: Bitetti afirma que todas as despesas serão pagas. Serão, no futuro, um futuro incerto. Portanto, não negou o que dissera Mestre Índio.

Que fique claro que Mestre Índio tem credibilidade para falar do assunto. Ele foi um dos que mais ajudaram na organização do Bitetti Combat. Além de ter posto os dois filhos pra lutar lá, ele hospedou Bitetti e Miranda em sua casa. Por isso este blog achou pertinente publicar a entrevista dele. Se Amaury Bitetti e Fernando Miranda quiserem conceder uma entrevista ou postar uma nota de esclarecimento, o blog está aberto a isso.

Tenho apreço e profundo respeito pelo Amaury Bitetti. Mas não misturo torcida, coleguismo ou admiração na hora de postar uma notícia. Meu papel é o de ser independente e o de publicar o que for relevante para os leitores. E as acusações de Mestre Índio são bastante relevantes.

No mais, segue abaixo a entrevista exclusiva e completa com Mestre Índio. Que não restem dúvidas: no grito e na pressão ninguém chega longe neste blog. Ameaças não me assustam. Dinheiro ou a falta dele também não me convencem. To cansado de ouvir conselhos do tipo: “esse meio (do MMA) é muito fechado. Quem fala demais não chega longe.” Pois prefiro ficar parado no mesmo lugar a usar o jornalismo apenas como mero meio de ganhar grana.

Veja aqui a matéria de ontem com trechos da entrevista do Mestre Índio e um resumo da dor de cabeça que ele ta passando depois de ter ajudado na organização do Bitetti Combat.

Blog Mano a Mano - Como você conheceu o Bitetti e o Fernando Miranda?
Mestre Índio - Eu nunca tinha conversado com o Amaury Bitetti. Ele veio a Brasília uma ou duas vezes, mas não tava conseguindo apoio (para promover o evento). Ai, não sei quem me indicou pra ele, mas teve um dia que ele me ligou e eu disse pra ele que podia vir pra cá que eu daria apoio.

Que tipo de apoio?
Naquela época o Paulo Otávio ainda era governador (do Distrito Federal). Liguei para o Paulo Otávio já que ele foi meu aluno e marquei uma audiência. Fui então buscar o Bitetti no aeroporto, só que ele tava com o Fernando Miranda do lado. Eu nem sabia quem era esse Fernando, o Bitetti eu tinha visto na televisão. Ai, esse Fernando entrou no carro também. Eu fiquei calado. Eles disseram que não tinham reservado hotel, então levei eles lá pra casa. Ficaram lá de sexta-feira até quarta. Fomos então para a audiência com o governador e o Bitetti levou o Fernando. Eu fiquei meio contrariado já que a audiência era comigo e com o Bitetti e você sabe que audiência é audiência, não pode levar ninguém de fora. Mas ai o Bitetti me disse, “mestre, esse ai é meu sócio”. Como eu não tinha informação nenhuma desse Fernando, fomos nos três lá no governador.

O que aconteceu na audiência com o governador?
Durante a audiência eu fiquei chateado porque o Fernando falava com o governador enquanto atendia telefone e rádio. Ele chegou ao ponto de pegar a agenda do governador para fazer umas anotações já que tava sem papel. O governador me olhou com cara de reprovação e eu olhei para o Bitetti e levantei, né. Eu disse: “Bitetti, não to entendendo isso”. Ai o Bitetti veio com aquele papo de mestre e um monte de desculpas. Depois disso, no meio da conversa com o governador, o Bitetti disse que já tinha acertado tudo com um assessor do Paulo Otávio para que o evento fosse realizado no ginásio Nilson Nelson. O Paulo Otávio perguntou qual era o assessor que tinha arranjado o ginásio e o Fernando respondeu um nome lá. Ai o governador disse que não tinha nenhum assessor com aquele nome. Foi constrangedor. Eu virei para o Bitetti e disse: “pô, Bitetti, é a primeira vez que eu venho no gabinete do governador, nunca peço nada a ele e quando peço uma coisa pra vocês, vocês fazem tudo errado. Ai, o governador ligou para o secretário de Esporte e ouviu dele que tinham seis pedidos para o uso do Nilson Nelson na data do Bitetti Combat. Mas como era o Paulo Otávio que tava mandado, eles iam fazer isso ai (emprestar o local para o Bitetti Combat).

Tem uma história de uma grana que tão devendo para agência de turismo.O que sabe disso?
Teve um dia que eles me disseram que queriam uma agência de passagens. Ai fui até um grande amigo dono da agência Mix Travel, quer dizer, nem posso dizer que é grande amigo já que estamos entreverados por causa dessa história. Ele (o Miranda e Bitetti) foi lá (na agência). Apresentei eles a agência. Mas vi que eles haviam marcado a passagem dos meus meninos e do Luiz Buscapé para quarta-feira, o vôo chegando nove horas aqui para ir para a pesagem e lutar na quinta-feira. O pessoal da agência me falou que eles chegariam na véspera da luta e ai eu disse: “não, não, troquem a passagem para segunda-feira” . Mas para mudar a passagem ficava quase que o dobro do preço. Mesmo assim paguei a diferença pra eles virem. Bom, voltando para o dia que o Miranda conheceu o Yoko, dono da agência, eu já tinha dito a ele (ao dono) que não tinha nada a ver com aquilo, que não conhecia bem eles (Bitetti e Miranda). Ai, deram um vamô lá (dívida) de R$ 68 mil só de passagem. Comprou e não pagou. Era para ter acertado o pagamento na sexta-feira depois da luta. É mesma coisa que tão dizendo para os lutadores. Tão inventando que tem um contrato de 30 dias para pagar as bolsas. Mentira. Não tem contrato nenhum. Dúvido que tenha sequer um atleta que tenha assinado esse contrato. Até porque eu já comentei isso com quase todos eles. Você viu que o Fábio Maldonado, o Paulo Filho e o Jeff Monson não lutaram porque ainda não receberam as bolsas do outro evento do Bitetti Combat realizado no Rio de Janeiro.

O que aconteceu com Luiz Buscapé, atleta que lutou no evento?
O Luiz Buscapé se machucou na luta pelo Bitetti Combat Brasília. Ficou lesionado e ta lá isolado na Paraíba, coitado dele. Eu não tenho tido tempo de ir lá pra visitá-lo. (Bip) Peraí, o rádio ta tocando (interrompe a entrevista para atender o mestre Parrumpinha).

Frases de Índio durante a conversa com Parrumpinha ouvidas por mim com consenso dele:
- Eles estão devendo na faixa de uns R$ 140 mil.
- Foi a maior fria, a maior gelada que eu entrei na minha vida. Rapaz, botei os caras lá em casa, eles ficaram numa suíte boa lá, foram tratados a pão de ló e fazem isso comigo.
- Até a passagem do Paulo Nikolai (responsável por montar o octógono) eles não pagaram, fui eu que paguei.
- Isso é coisa do Fernando. O Bitetti não faria isso comigo sabendo da amizade que tenho com Carlson e esse negócio todo.

O Paulo Nikolai recebeu pelo trabalho de montar o octógono?
Não recebeu nem a passagem, eu que paguei também.

Ao que você atribui essa confusão?
Eu já tinha te falado de manhã que esse Fernando Miranda é que é um pilantra (mais cedo eu já havia tido uma conversa preliminar com Mestre Índio). Depois do tratamento a pão de ló que dediquei ao Bitetti, ele não faria isso comigo.

Quanto de prejuízo você teve com o Bitetti Combat?
Por baixo foi na faixa dos R$ 12 mil. Por baixo, por baixo.

Quais despesas você teve que arcar?
Teve que trocar uns dólares para mandar para o americano (Jeff Monson). Que o americano disse que só viria se recebesse. Ai, não sei se foi mesmo pra isso, mas eles (Miranda e Bitetti) me pediram o dinheiro para comprar os dólares. Mas não sei se foi pra isso. Mas o que é meu eu não quero nem falar, que isso pra mim não tem grande problema.

Que dívidas eles fizeram com empresários que você conhece?
O Yanko (da Mix Trevell) eu não apresentei de fato. Ele viu que o Miranda e o Bitetti tavam comigo e acabou indo com o Miranda, né. Porque o Bitetti ficava de fora (das reuniões), ia para um canto, ia para outro, mas o Bitetti não ficava na mesa conversando, era só o Miranda. E o Miranda com aquele jeito que parece até que tem o rei na barriga. Pelo que vi dele passei a não gostar. Eu falei para o Bitetti: “Bitetti, eu não fui com os córneos desse cara”. Ai Bitetti falou: “Mestre, pô, essa cara ta comigo, é meu sócio”. Eu disse, “ bom não gostei dele” . Eu sou igual o mestre Carlson Gracie, grosso igual a ele (risos).

Eles fizeram uma dívida de mais de R$ 60 mil com a agência de turismo só na base da lábia, da conversa?
Quando eu era diretor do Senado o rapaz lá da agência de turismo era meu agente. Ele me considera, entendeu?

A quem mais o Bitetti Combat deve?
Ricardo Zaniti, um empresário da cidade. Tem o pessoal da assessoria de imprensa. Aquele Miranda pra falar com ele tinha que procurar a assessoria de imprensa (risos), ele é assim (mais risos). Teve também o pessoal da segurança. Quem organizou isso tudo foi o Ricardo. Tão devendo hotel também (o ST Paul).

Seus filhos Yuri e Danilo não receberam nenhuma parte da bolsa até agora?
Nada, nada. Nem Buscapé, coitado. Ninguém, ninguém, ninguém, ninguém. Inclusive o Yuri vai lutar agora lá em Los Angeles.

Tem esperança de receber a bolsa?
Queria que eles pagassem o Buscapé e a Índinha. O resto eu não tenho conhecimento, agora Buscapé tá lá na Paraíba e será operado. Ele ia lutar agora nos Estados Unidos (mas não vai mais).

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