segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Rolles leva a “malandragem” para o UFC

Por Guilherme Cruz

A família Gracie, responsável pela criação do UFC, só viu um dos seus representantes lutar no octagon. Porém, anos depois de Royce vencer 11 lutas no torneio, será a vez de Rolles Gracie, filho do lendário Rolls, a fazer sua estreia no Ultimate. Com luta marcada para o dia 6 de fevereiro, contra Mustapha Al Turk, o faixa-preta conversou com a TATAME sobre a expectativa para a luta, os treinos nos Estados Unidos, analisou a categoria e aposta na “malandragem do Jiu-Jitsu” para bater Brock Lesnar.

Como está a expectativa para a sua estreia no UFC?

Estou amarradão com essa estreia. O treinamento está muito bom, melhor impossível. Estou satisfeito com o suporte dos meus alunos que estou tendo aqui, meus fãs têm mandado mensagens no meu website, twitter e facebook... Estou amarradão com o carinho de todo mundo e com o apoio.

Como está o treinamento com o Renzo e a preparação para essa luta?

Estou com uma grande equipe de treinadores Greg Jackson, os caras são legais, e o Renzo, com a experiência toda dele... Ele também está com luta marcada, estou aqui em Nova Iorque treinando com ele, onde estão dando uma lapidada no jogo agora, acertando os últimos detalhes, e estou com um treinador de Boxe fenomenal que é o mesmo treinador do Ricardo “Cachorrão”, foi o cara que mudou o nosso Boxe aqui... Estou amarradão. O Greg Jackson é um cara fenomenal também, eu gosto de ir lá para o Novo México para me testar, fazer sparring com os caras lá. O Greg também é um cara gente fina, me recebe super bem lá, conhece bastante o jogo do MMA. Os caras que eu treino lá são os que têm o jogo parecido com os caras que eu vou lutar, então estou amarradão com a combinação dessa equipe.

O Greg Jackson comanda outros grandes nomes do MMA, como o St Pierre, Rashad Evans, Nate Marquardt... Você já treinou com esses caras?

Tem o Shane Carwin, que quando eu estive em Beverly Hills tive a oportunidade de fazer um treino com ele, tem o (Keith) Jardine, que é lá do Novo México, tem o Brian Stann, que lutou há um mês atrás e está dessa vez no mesmo card que eu, tem uma galera, fora os caras que são menos conhecidos. Aqui em Nova Iorque tem uns caras muito bons como os caras da IFL, André Gusmão, os alunos do Ricardo Cachorrão...

O que você sabe do seu adversário, o Mustapha Al Turk, que está vindo de derrota naquela luta polêmica com o Cro Cop, em que houve dedada no olho. O que você estudou do jogo dele?

Não dá para falar que ele é um galinha morta porque ele perdeu do Cro Cop, porque foi um casamento ruim pro jogo dele. Ele é um cara bem completinho, tem um Boxe legal, quedas boas, foi campeão da seletiva do ADCC em 2003 e vem nessa luta para matar ou morrer, porque vem de duas derrotas no UFC e se ele perder está arriscado a ser cortado. Como ele tem muito a perder nessa luta, ele se torna um adversário muito perigoso. Não estou menosprezando ele, estou focado para essa estréia, para não decepcionar os meus fãs.

Como está o seu foco para essa luta?

Estou treinando tudo, acredito muito no meu Jiu-Jitsu e acho que sempre vai ser meu carro chefe. Também quero aprender outras coisas, como o Boxe, Muay Thai, Wrestling, pra levar a luta mais fácil para onde eu quero, que é o chão. Isso não é mistério, todos sabem que eu vou querer sempre levar a luta para o chão e ele vai querer ficar em pé, então tenho que exercitar as outras modalidades para dificultar o trabalho dos meus oponentes.

Como você faz para ter bons treinos de chão fora do Brasil?

Eu conheci muitos cascas-grossas em Nova Iorque também cara, o material humano na academia onde eu treino é impressionante. Eles ganham todos os campeonatos aqui na região, estou bem de treino aqui, não estão devendo nada.

Como você se sente sendo o segundo Gracie a lutar no UFC, trazendo de volta o nome da família ao maior evento do mundo?

É bom estar de volta as origens. Prezo muito minha família, saber de onde vim e a família ficou famosa aqui nos Estados Unidos devido ao UFC. É bom estar voltando a nossa casa, estou vindo para ficar e conquistar meu lugar lá.

Você havia dito que queria fazer mais algumas lutas antes de fechar com o UFC, mas já assinou. O que te fez mudar de idéia?

Os caras conversaram e todo mundo achou que estava na hora, e eu escuto muito quem está em volta de mim, como o Renzo, por exemplo. Ele achou que eu já estava pronto para fazer minha primeira luta no Ultimate e os próprios caras do UFC acharam que estava na hora também... Se está todo mundo achando, eu vou na onda e sei que eles estão certos.

Como você analisa sua categoria no UFC?

Só tem pedreira, é uma das categorias mais difíceis do UFC. Durante muito tempo foi menosprezada, as pessoas falavam que os lutadores dessa categoria não tinham talento, mas hoje em dia você vê as pedreiras que tem aí, como o campeão Brock Lesnar, nosso grande baiano, o Minotauro, o Cigano, Shane Carwin, Frank Mir, Cain Velasquez... Essa divisão está fogo, todas as categorias estão boas.

Você ficou um pouco chateado de lutar nas preliminares, que não serão transmitidas ao vivo?

Não, cara. A partir do momento que eu mostrar meu trabalho vai ser questão de tempo para eu estar figurando no card principal. Vejo isso pelo lado bom, eu sei exatamente a hora em que vou lutar, não vai ter aquela correria. O lado bom é esse, sei que às cinco horas vou estar dentro do ringue, fica mais fácil fazer um trabalho de aquecimento.

O UFC tem botado os brasileiros para se enfrentar... Como você vê a possibilidade de enfrentar o Napão, Minotauro ou o Cigano no futuro?

É uma possibilidade iminente pelo fato de nós brasileiros sermos os melhores do mundo, mas somos profissionais. Eu admiro muito os caras, o Minotauro, Napão, já torci muito por eles, mas somos profissionais. É que nem no Jiu-Jitsu, vamos entrar lá como se fossemos dar um treininho.

Qual seu palpite para a luta entre o Minotauro e o Velasquez?

O Minotauro leva essa. Ele é um cara guerreiro, que está com o jogo todo certinho, teve uma apresentação fenomenal contra o Couture. Ele normalmente ele se dá bem contra os caras com base de Wrestling.

A luta entre o Cigano e o Napão foi remarcada para março. Como você vê essa luta?

Essa vai ser boa de ver, vou estar na arquibancada vendo essa. É difícil falar quem vai levar, vai ser briga de cachorro grande mesmo, vai ser bom para o público.

Qual você acha que seria o jogo perfeito para ganhar do Brock Lesnar?

A cada luta que passa ele fica mais malandro, melhora muito. Tem que sentir a luta, talvez tentar se aproveitar de uma entrada de queda dele... A força bruta não adianta contra ele, não vai funcionar, porque ele é o mais forte dessa categoria... Pra ganhar dele tem que ser na malandragem e na técnica, e isso tem de sobra no Jiu-Jitsu.

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