Depois de ser nocauteado por Nate Marquardt, Demian Maia iniciou um trabalho intenso para não deixar seu nome sair dos tops do ranking do UFC. Com luta contra Dan Miller agendada para o UFC 109, que acontece no dia 6 de fevereiro, o representante número um do Jiu-Jitsu no octagon esteve no Rio de Janeiro neste fim de semana para acompanhar o casamento de seu amigo Eduardo Telles. Durante a estadia na Cidade Maravilhosa, Demian conversou com o Portal do Vale-Tudo sobre sua derrota, sobre Anderson Silva e Vitor Belfort, além da sensação Junior Cigano. No bate-papo, ele também revelou seus planos para o futuro no Ultimate.
Como você está se preparando para a luta contra o Miller?
Está sendo muito bom, e foi ótimo o período de pouco mais de um mês que passei na Bahia treinando boxe com o Cigano. Na verdade, nós também treinamos Jiu-Jitsu diariamente, e fiquei realmente surpreso com o nível da luta de chão lá na Bahia, principalmente da luta sem kimono. Eu já sabia que a Bahia tem os melhores lutadores de boxe do Brasil, lá você pode treinar contra campeões sul-americanos, medalhista de prata do Pan-Americano... O nível na academia do Professor Luiz Dórea é muito alto e foi uma experiência fantástica, tenho muito que agradecer ao Cigano, que me escolheu para treinar todos os dias. Ele é uma pessoa incrível, que merece tudo o que vem conquistando.
Vamos falar dos irmãos Nogueira. Você os ajudou por lá?
Com certeza. Para falar a verdade, o Rodrigo (Minotauro) foi quem me levou para a Bahia, e nas primeiras semanas eu fiquei no apartamento dele, mas logo depois eu decidi alugar um para mim. Ele e o Rogério também foram para lá (Bahia). É claro que eles chegaram um pouco depois do combinado – ele perdeu alguns vôos (risos) – mas tivemos, sim, a oportunidade de treinar juntos.
O que você sabe sobre o Miller e o que espera dessa luta?
Eu assisti a duas lutas dele no Youtube, porque o DVD dele deveria ter chegado pelos correios na semana passada, mas não chegou. Eu quero ver todas as lutas dele para me preparar bem. Eu sei que ele é um cara bem ágil, que se mexe bem, e é perigoso nas finalizações. Provavelmente é um dos melhores lutadores de solo que eu já enfrentei no MMA.
Você deu uma declaração no Canal Combate dizendo que não foi nocauteado pelo Nate, e isso causou muita polêmica no fórum do Portal do Vale Tudo. Você poderia explicar melhor o que quis dizer?
Eu quis dizer que o que entendo por nocaute é quando você cai, inconsciente, e permanece assim por alguns segundos, o que não muda nada para mim. Uma derrota é sempre uma derrota, não importa se é por pontos, por finalização... Quando eu disse aquilo, não queria tirar os méritos do Nate. De jeito algum. Quando eu estava caindo no chão, estava inconsciente, mas logo que caí, recuperei minha consciência. Se fosse nas regras do boxe, seria um knockdown. Na verdade, apenas fiz uma análise técnica de minha derrota, mas não tentei minimizá-la.
Os torcedores elogiaram a atitude de Nate. Ele foi bastante limpo quando você caiu, não acha?
Eu concordo, mas acredito que isso tenha dois lados, e (essa atitude) foi por conta também de sua experiência como lutador. Se ele permanecesse me castigando no chão, eu poderia acordar, agarrar as pernas dele e sobreviver na luta. Mas, não há dúvidas de que o Nate, além de um grande lutador, é uma grande pessoa. Eu não tenho nada a falar dele, e sei que no momento certo terei a chance de enfrentá-lo de novo. Tenho certeza de que esse dia virá, então não estou realmente preocupado.
O Nate vai enfrentar o Chael Sonnen no mesmo dia de sua volta. O que você espera da luta deles?
Eu acho que será uma luta interessante, difícil de prever algo. O Nate tem um excelente jogo, mais completo que o do Chael, que por sua vez tem um jogo complicado, difícil de ser batido. Eles se enfrentaram há um bom tempo e o Nate o finalizou com um triangulo, mas acho que o Chael evoluiu muito. Se ele conseguir impor seu jogo de chão e de socos, ele pode vencer.
Seus primeiros treinos de MMA, um bom tempo atrás, foram como sparring do Vitor Belfort. O que você espera da luta dele contra o Anderson?
Essa luta é um grande mistério. Os dois treinaram boxe com o Dórea, e por lá eu perguntei sobre isso para muitas pessoas e ninguém se arriscou a opinar concretamente. A maioria disse que se o Belfort explodir no começo, ele tem chances de nocautear, mas a maioria das pessoas acredita mais no Anderson se a luta durar mais de um Round. Foi o que ouvi da maioria das pessoas. Nunca treinei com o Anderson, mas já treinei com o Belfort e posso dizer que ele é bem completo, certamente um dos maiores talentos da história do MMA brasileiro. Seu único ponto fraco é a cabeça, mas ultimamente ele não tem mostrado fraquezas psicológicas. Acho que ele é mais completo física e tecnicamente do que o Anderson, que por sua vez é 100% psicológico. Então, com certeza, será uma luta imprevisível.
Agora que você está treinando com Cigano, Minotauro e Minotouro no Team Nogueira da qual o Anderson faz parte, como vê uma possível luta contra ele no futuro?
Eu sempre digo que a derrota tem um lado terrível, mas também tem um bom. Com certeza, esse lado bom é que eu sempre quis treinar com o Rodrigo e seu time, e sempre evitei isso, mesmo quando ele disse que não tinha problema, porque traria um problema para o Minotauro, que é um grande amigo do Anderson. Eu sempre soube que o Rodrigo é um cara legal, que sempre quer ajudar todo mundo, e eu já conversei com isso sobre ele. Mas se o Anderson se aposentar em três ou quatro lutas, como ele tem dito, eu acredito que será muito difícil enfrentá-lo. Mas, se tivermos que lutar, isso não será um problema, na verdade seria uma honra para mim. Ele é amigo de muitos amigos meus e hoje em dia o esporte é 100% profissional, não podemos prever o que vai acontecer. Eu não posso parar de treinar com grandes amigos porque talvez haja a possibilidade de eu enfrentar o Anderson. O Rodrigo abriu as portas para mim. Não sei se o Anderson gostou disso ou não, mas Rodrigo e Wanderlei sempre foram meus dois ídolos no MMA, e eu não posso perder a oportunidade de treinar com eles.
Falando do Wanderlei. Seu preparador físico, Rafael Alejarra, não está mais trabalhando com ele em Las Vegas. O Alejarra agora abriu uma academia em San Diego e você está treinando com o Minotauro. Como está sua relação com o Wanderlei e com o Alejara?
Eu estou indo no próximo sábado para San Diego treinar com o Alejarra. Meu relacionamento com o Wanderlei não mudou em nada, ele continua um grande amigo e eu conversei com ele na última semana para deixar claro que o fim da parceria dele com o Alejarra não vai influenciar nossa amizade. Eu deixei claro que uma coisa é a situação deles dois e outra coisa é a minha com o Alejarra. Eu o convidei para estar no meu corner, o que seria uma honra. O Rodrigo também tem uma ótima relação com o Wanderlei, e quando ele vai para Las Vegas (com o Cigano ou o Rogério), ele sempre treina na academia do Wand, então nada mudou.
Mande uma mensagem para os fãs do Jiu-Jitsu, que o consideram o representante número um da Arte Suave no MMA.
Todo esse tempo afastado do octagon, eu tenho usado para treinar duro para o retorno. Uma coisa muito boa que aconteceu é que, desde os tempos do Fábio Gurgel, eu não tinha um treinador de Jiu-Jitsu e agora eu convidei o Wagner Motta (aluno do Gurgel e do Behring) e ele está fazendo um grande trabalho comigo. Eu estou sentindo meu Jiu-Jitsu evoluir muito. É claro que treinei muito boxe e wrestling, porque estamos no MMA moderno, mas tudo que eu treino é para colocar o Brazilian Jiu-Jitsu no topo.
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