quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Artigo - MMA causa menos lesões graves do que o boxe

Por Leandro Paiva, colaborador especial do blog e autor do livro Pronto Pra Guerra:

Aproveitando a mais recente entrevista do meu amigo Rogério Camões (veja aqui), na qual ele comenta sobre a recuperação do campeão do UFC, Anderson Silva, que teve de realizar uma cirurgia no cotovelo, resolvi apresentar os dados de um estudo realizado para identificar a incidência de lesões em eventos de MMA sancionados por comissão atlética.

Os dados sobre as lesões foram colhidos baseando-se no relatório do médico responsável presente em cada evento. No total, verificou-se o índice de lesões acometidas em 171 combates. Estatisticamente, a taxa de incidência de lesões foi de 28,6 lesões para cada 100 combates.

Diferente da situação do lutador Anderson Silva que apresentou histórico de lesão em longo prazo - lesão crônica -, não foram significativas as lesões no cotovelo, conforme os dados que seguem (Obs.: lesões com base no segmento anatômico):

1) Face - 47,9% (em função de lacerações ou cortes);

2) Mão - 13,5%;

3) Nariz - 10,4%;

4) Olho - 8,3%;

5) Ombro - 5,2%;

6) Joelho - 3,1%;

7) Cotovelo - 2,1 %;

8) Tornozelo - 2,1%;

9) Costas - 2,1%;

10) Pé - 1,0 %;

11) Pescoço - 1,0 %;

12) Orelha - 1,0 %;

13) Maxilar - 1,0 %;

14) Braço - 1,0%.

É interessante ressaltar que no MMA, comparado ao Boxe, existem poucas ocorrências de vitória por nocaute (KO). Uma vitória por KO geralmente implica que o adversário foi golpeado na cabeça com força suficiente para causar perda de consciência.

Em contraste, uma vitória por nocaute técnico (TKO) ocorre quando o árbitro pára a luta, para preservar a integridade física do atleta, independentemente de seu estado de consciência.

Um atleta que não consegue se defender adequadamente em razão de cansaço ou lesão justifica a interrupção pelo árbitro, inferindo em vitória por TKO para o lutador vencedor. No Boxe, simplesmente atingir o adversário na cabeça não é suficiente para o árbitro paralizar a luta.

Submeter um adversário utilizando golpes de finalização inerentes do Jiu-Jítsu, também é relativamente comum no MMA, contribuindo para o fato de que, aproximadamente 1/4 dos combates terminam sem KO (minimizando as probabilidades de lesões cerebrais posteriores).

De fato, segundo os autores desse estudo realizado para identificar a incidência de lesões no MMA, no Boxe ocorre o dobro de incidência de combates que terminam em função de um KO, comparando ao MMA.

Em suma, os autores concluíram o estudo afirmando que, apesar da relevante incidência de lesões, sobretudo na face em razão de cortes ou lacerações, o MMA é uma modalidade profissional relativamente menos nociva para o atleta, em comparação com o Boxe Profissional.

Leandro Paiva é professor de educação física e autor do livro Pronto Pra Guerra. Já auxiliou na preparação de atletas de ponta como Ricardo Arona e Bibiano Fernandes. Ele colabora com este blog semanalmente. Para saber mais sobre o autor e o livro entre em http://www.prontopraguerra.com.br/

http://gustavonoblat.blog.terra.com.br/


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