terça-feira, 20 de outubro de 2009

O segundo nocaute a gente não esquece

Demian Maia, 31 anos, digere a derrota por nocaute relâmpago no UFC e se vê fortalecido para defender o Jiu-Jitsu no octógono – e chegar ao cinturão.
por Marcelo Dunlop



A derrota para Nathan Marquardt, em agosto, foi sua primeira derrota no MMA. No baú de GRACIEMAG, porém, desencavamos outro “nocaute” sofrido por você, no Jiu-Jitsu. Lembra disso?

Foi no Mundial de Jiu-Jitsu de 2001, quando eu era faixa-marrom. Eu tinha ganhado quatro lutas e fui à final com Marcel Louzado. Com uns 10 segundos de luta, fui puxar para a guarda e ele tentou pular. Batemos a cabeça, nos cortamos, e o médico disse que era impossível continuar. O Carlinhos [Gracie] acabou decidindo dar a medalha de ouro para os dois, já que não houve luta. Fomos, os dois, campeões. Acho que foi a única vez em que ocorreu isso na história dos Mundiais.



Outro momento parecido em sua carreira talvez tenha sido a primeira vez em que você foi finalizado, quando apagou num estrangulamento do Rômulo Barral em 2006.

A cabeçada foi um acidente – um choque não intencional, em que eu e meu adversário não pudemos continuar devido aos grandes cortes que sofremos no rosto. Portanto, não teve nada a ver com essa luta no UFC. Já quando fui finalizado pelo Rominho, na semifinal do Brasileiro de Jiu-Jitsu, foi um episódio parecido com essa derrota. Parecido pois, nos dois episódios eu esqueci um pouco a defesa, que é a essência do Jiu-Jitsu, me preocupando mais com o ataque.



Como foi aceitar o revés, na divisão até 84kg do UFC? Em segundos, você levantou-se de forma respeitosa, aparentemente resignado e cumprimentando o oponente.

Derrota é sempre difícil, é minha primeira no MMA, mas já tive outras no Jiu-Jitsu. Portanto, depois desses anos todos competindo, aprendi a extrair o melhor que uma derrota pode te dar. O mais doloroso foi saber que eu estava na melhor forma da minha vida, tanto técnica quanto fisicamente, e não pude aproveitar isso.



Como foi o dia seguinte?

Ruim, mas já pensando na próxima. Eu sempre sigo uma coisa que ouvi Rickson falar uma vez: "A vitória, tão logo conquistada, deve ser esquecida, pois ela é passageira". Sempre fiz isso nas minhas lutas anteriores, todas vitoriosas. Por que agora seria diferente ? A derrota, assim como tudo, também é passageira.



Você estava dando cada vez mais orgulho à família Jiu-Jitsu. Lembrar disso te deixa mais triste?

É lógico que é ótimo representar o Jiu-Jitsu brasileiro, e acredito plenamente que quando eu estou lá, no octógono, eu levo essa bandeira. Essa é a minha missão no UFC, disso não tenho dúvidas. Representar uma arte marcial maravilhosa, não violenta, num esporte que pode ser bastante agressivo. Poder levar essa mensagem para o público, a meu ver, é um presente de Deus. Agora, perder faz parte do jogo. Graças a Deus, das minhas 12 lutas eu perdi só uma.



Qual a melhor forma de levantar a cabeça para seguir a vida normalmente?

Primeiro entender que tanto vitória quanto derrota não são permanentes. Depois rever tudo que foi feito, tanto erros quanto acertos, e corrigir o que precisa ser corrigido. Isso eu já fiz com os meus treinadores. Agora é treinar forte de novo, para o próximo desafio. Não penso em fazer alguém "pagar" pela derrota, nada disso. O que aconteceu foi por algum motivo, e o que acontece sempre é o melhor naquele momento. Vou continuar minha carreira, mas não normalmente. Sempre tento ser muito mais que normal, ir além. E agora quero ir ainda mais.



Que lições a luta deixou?

Muitas lições... Mas isso eu prefiro deixar para uma próxima conversa, pois teria que escrever um romance! É engraçado como uma luta tão curta ensina tantas coisas...

fonte:GRACIEMAG.com

Retirado do Forúm PVT

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...