A cirurgia no cotovelo era necessária, mas, se depender de Anderson Silva, a sua cota de “inatividade” já está mais que cumprida. “Estou louco para voltar a treinar, para sair na porrada, mas tenho que esperar. Está na mão dos médicos... Por mim, eu voltava a treinar amanhã”, disse Anderson, que não ficou seis meses sem lutar desde que estreou no UFC. Num bate-papo animado, Anderson comentou a possibilidade de ficar no córner de Lyoto Machida para a luta contra Maurício Shogun, que acontece neste sábado, os treinos de Caratê de Vitor Belfort, seu começo nas artes marciais e muito mais.
Você está nos Estados Unidos ou no Brasil?
Estou nos Estados Unidos, cara. Depois da luta do Minotauro eu fui para o Bitetti (Combat) e para o Jungle (Fight), depois vim para cá. Fiz a cirurgia no meu cotovelo, vamos ver quando o médico vai me liberar para voltar a treinar.
Como foi a cirurgia, saiu tudo como vocês estavam esperando?
Tudo certo, tudo tranquilo, graças a Deus. Minha recuperação está muito boa, melhor do que a gente esperava. Estou me recuperando muito rápido, agora é esperar a liberação dos médicos para ver quando eu volto a treinar. Estou louco para voltar a treinar para eu pode lutar, estou só esperando os médicos me liberarem. A gente está com um médico da Nike, o cara entende das paradas mesmo, é um dos melhores que tem, cuida dos jogadores e futebol americano, do Kobe Bryant... A recuperação está maneira, mas não posso fazer treino agarrado. Estou fazendo um cardio, estou no gás, louco para voltar a treinar, para sair na porrada, mas tenho que esperar. Está na mão dos médicos, por mim eu voltava a treinar amanhã.
Os médicos deram algum prazo para a sua volta aos treinos?
Eu fiz a cirurgia, dei um tempo, tirei os pontos, comecei a fazer fisioterapia e já queria treinar, mas o médico não me liberou. Era para eu ficar com a tipóia durante uns 40 dias, eu não aguentei e tirei antes, porque eu não queria ficar parado. Agora ele me liberou, estou tentando convencer ele para eu voltar a treinar, mas está legal. Estou tendo uma recuperação muito boa e espero que ele me libere para voltar aos treinos, porque eu não aguento mais ficar com o braço parado, sem fazer nada de contato. Estou fazendo a preparação física, treinando com um pessoal aqui que faz a preparação física dos jogadores de futebol americano, no CT da Nike, mas a parte de luta eu não estou podendo fazer e isso está me deixando meio ansioso.
A sua próxima aparição no UFC será no corner do Lyoto contra o Shogun?
Eu estou com o Lyoto aqui, ele chegou antes de ontem. Ele está bem preparado e eu estar ou não no córner dele não vai fazer diferença nenhuma, porque ele é um cara muito bem treinado, focado. Ele está com a família dele, é uma vantagem muito grande que ele tem em cima de todos os adversários dele, porque quem está no córner dele é a família dele. Ninguém melhor do que a família dele para dizer o que ele pode ou não fazer, pois o conhecem bem, sabem os seus erros e acertos, as limitações e o potencial. Logicamente que eu vou ajudar, mas vou estar lá mais torcendo para ele, como sempre, fazendo figa para ele trazer mais essa vitória para o Brasil. É uma luta dura, o Shogun é um cara duro também, que vai vir bem treinado e está aparecendo uma grande oportunidade para ele. Vamos aguardar, essa luta vai entrar para a história do MMA.
Como você analisa essa luta, que armas cada um pode trazer para vencer?
É muito difícil a gente comentar sobre essa luta, mas eu tive a oportunidade de treinar com os dois... O Shogun amadureceu muito desde o tempo em que a gente treinava, ele tem um Jiu-Jitsu muito bom, assim como o Lyoto. É difícil. Em pé, o Shogun é um atleta bom, mas perto do Lyoto... O Lyoto se movimenta muito melhor e tem os reflexos mais apurados em pé. É uma luta muito dura para os dois. Acredito que há uma grande chance do Shogun ganhar, mas a probabilidade de cometer muitos erros é maior para o Shogun, mas há uma probabilidade dele ganhar, sempre existe, mas acredito que ele vai errar muito mais do que o Lyoto. O Shogun é um grande lutador, venceu de caras muito duros no Pride, mas o Lyoto a cada luta que passa, impõe o ritmo dele de uma forma que ele não se expõe, e o Shogun vai se colocar em risco muito mais. Nessa categoria de 93kg, não vejo ninguém que possa vencer o Lyoto.
Seu empresário, Ed Soares, disse que você estaria interessado nessa luta contra o Belfort na categoria até 88kg, sem o cinturão
Eu quero lutar e, se o médico me liberar para voltar aos treinos, eu vou treinar e posso lutar contra o Dan Henderson, Vitor, eu não escolho adversário não, cara. Estou aí para lutar com qualquer um. Se bater o peso 88kg, ou 93kg, ou 84kg, se tiver que lutar eu também luto. Cada um tem a sua opinião e fala o que bem entender, e estou treinando para voltar melhor do que nunca para poder continuar o meu trabalho, independente de qual seja meu adversário. Eu não tenho que provar nada para ninguém. Eu entro lá para fazer o meu trabalho e não tem para onde correr, nossa vida é essa. É lógico que tenho minhas opiniões pessoais sobre as atitudes de algumas pessoas, mas isso não influencia em nada na decisão do UFC de fazer uma luta ou outra. Quero defender meu titulo e os meus interesses pessoais, é lógico, e tem que ter estratégia tanto dentro quanto fora do ringue. Estou louco para me agarrar com alguém, estou louco para sair na porrada.
Você acha que os treinos de Caratê do Vitor podem te surpreender?
Eu respeito, mas eu faço isso há muito tempo, desde criança que treino artes marciais, então as coisas que acontecem comigo nas lutas não são surpresa, são coisas que eu fazia quando era criança, uma coisa natural, eu não tive que forçar nada. Quando eu tinha cinco anos de idade eu já treinava capoeira, com oito anos eu comecei a treinar Taekwondo, quando fiz 13 anos comecei a treinar Boxe, com 18 anos treinava Taekwondo e Muay Thai e sempre me mantive treinando. Depois, meus amigos começaram a treinar Jiu-Jitsu, mas eu não tinha condições porque o quimono era muito caro, então eu treinava com eles na casa deles. Eu treino artes marciais há muito tempo várias modalidades, tive vários professores que cada um passou um pouquinho de alguma coisa para mim. Logicamente que você treinar um Caratê, Taekwondo, Boxe, vai de cada um...
As pessoas têm que entender que não é o Jiu-Jitsu que vai fazer você ganhar ou não... “Ah, eu vou treinar o Jiu-Jitsu Gracie”, não é isso que vai fazer a diferença para quem vai começar treinar agora... O que vai fazer a diferença é a sua cabeça, o que antecede a luta, os amigos que estão por trás de você, que gostam de você e não porque estão com você por interesse. Não é o Caratê que vai mudar alguma coisa, ou o Taekwondo que vai mudar algo, e sim a pessoa, a personalidade, hombridade e o caráter que vão fazer a diferença quando você subir no octagon. O treinamento é importante, mas estar feliz com o que está fazendo, confiante, sem interesse dos outros.
Não é o Caratê que é bom, a arte marcial do momento... O Caratê Machida é o Caratê do momento. O Lyoto é diferente de todos os outros lutadores de Caratê, não é um Caratê comum, não é qualquer um que vai entrar e sair rápido como o Lyoto. Na minha luta contra o Roy Jones, não vai ser o fato de eu treinar Boxe com o Muhammad Ali ou Mike Tyson que vai fazer a diferença. Ele é um atleta olímpico e as chances de eu vencer ele são poucas, quase que nenhuma. Quando eu estou no Brasil, em Curitiba, eu vou treinar Taekwondo com antigos amigos meus que são campeões, mas isso não faz muita diferença. O que faz a diferença é você ter pessoas a sua volta que querem o seu bem. Vencendo ou perdendo, nossa amizade vai continuar, então é isso que importa pra mim e tem feito a diferença.
Tatame
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