Nunca antes na história do MMA (Mix Martial Arts, outrora conhecido como Vale Tudo) um carateca teve a honra de despontar entre os maiores expoentes desse esporte. Até que surgiu em cena um soteropolitano radicado em Belém chamado Lyoto Machida.
Observação do Universo MMA: GSP é carateca e é campeão e estrela do UFC antes de Lyoto.
Na base dos pontapés e da movimentação de pernas, Lyoto encontrou a brecha para subjugar seus oponentes e atrair a atenção dos críticos. Sua carreira já dura seis anos e 15 vitórias. Nunca perdeu e sua última luta lhe rendeu o título de campeão dos meio-pesados (93kg) do UFC (Ultimate Fighting Championship).
Em entrevista exclusiva a este blog, Lyoto relembrou de sua maior façanha, o nocaute arrasador sobre Rashad Evans no fim de maio último para tomar o cinturão do UFC. “Na hora do nocaute não caiu muito a ficha (de que eu tinha vencido)”, revelou o carateca que também é faixa-preta de jiu-jitsu e especialista em muay thai.
Ao contrário de Dana White, presidente do UFC, Lyoto acha que ainda é cedo para se falar em “Era Machida” e garantiu que, por ora, só pensa em manter o tão suado cinturão. “Agora que me tornei o campeão ainda tenho muito a provar”, disse.
Na conversa com o blog, Lyoto comenta o seu desejo de enfrentar o peso-pesadíssimo Brock Lesnar. Explica porque está fora da próxima edição do TUF (The Ultimate Fighter), um reality show do UFC. Fala da polêmica “urinoterapia” (hábito de beber o próprio xixi). Conta como está a preparação para o seu próximo adversário, o curitibano Maurício Shogun Rua. E ainda releva as provocações do rival Quinton Rampage Jackson.
Confira a entrevista exclusiva:
O MMA entrou na Era Lyoto Machida?
Acho que é cedo falar isso. Agora que me tornei o campeão ainda tenho muito a provar. A conquista do cinturão já é difícil. Mas manter essa conquista é mais difícil ainda. Tá cheio de gente boa na categoria. Ainda acho um pouco cedo para falar que entramos na Era desse ou daquele lutador. Se um dia eu tiver a oportunidade de falar isso será depois de manter a minha conquista por um tempo.
A luta contra Rashad foi mais fácil do que você previa?
A luta foi super difícil apesar de ter sido rápida. Na nossa categoria qualquer golpe pode definir o combate. A luta estava bem estratégica. No início eu não me expus e ele também não se expôs. Na primeira grande oportunidade eu consegui pegar o Rashad. A luta estava estratégica e difícil. Ele não estava se abrindo. Até comentei com meu irmão que o cara era duro.
Assim que você viu o Rashad nocauteado e percebeu que era o novo campeão do UFC, qual foi o primeiro pensamento que te veio em mente?
Naquele momento eu não acreditei no que via. Eu pensei “poxa, realmente ganhei”. Eu não tinha acreditado naquilo. Foi como um sonho mesmo! E depois que foi passando o tempo e eu o vi se levantando e tudo ao redor, ai percebi que era mesmo o campeão. Mas na hora do nocaute não caiu muito a ficha!
O que você ouviu de Yoshizo (pai e mestre dele) ao fim do combate?Parabéns, vamos continuar assim! Só disse isso mesmo. Ele não é de falar muito.
Qual foi sua luta mais difícil no UFC?
Difícil falar assim, porque todas as lutas tiveram suas dificuldades, umas mais outras menos. Eu acredito que a luta contra o Tito Ortiz tenha sido a mais difícil que tive no evento, até pelo fator psicológico que envolvia aquele combate. Ele tinha problemas com o Dana (presidente do UFC) e tinha o apoio do público, que gritava o nome dele. Para mim aquilo tudo era novidade. No fim da luta ele quase me finalizou. Ele encaixou um triangulo. Eu senti escurecer, mas eu queria sair de todo jeito. Ai, ele foi para o meu braço. Meu braço ficou contundido por uma semana depois da luta, mas minha vontade de escapar do golpe era muito maior do que aquilo.
Tito Ortiz disse que você era mais perigoso do que o Rashad e você acabou de dizer que sua luta mais difícil no UFC foi contra o Tito.O Tito é mais duro de bater do que o Rshad?
Não digo que o Tito Ortiz seja mais duro que o Rashad, mas a luta contra ele, por todo o momento que vivamos ali, foi complicado especialmente por conta do fator psicológico. Mas tecnicamente falando acho o Rashad mais duro.
Dana White conversou a sós contigo depois da luta? O que ele disse?
Só me parabenizou pelo título. Disse que tava espantado com o Machida Caratê. Tava meio que sem acreditar no que eu tinha feito. Mas falou muito pouco.
O UFC te convidou para ser técnico do TUF? Por que não aceitou?
Não é que eu não tenha topado. Eles (o UFC) me falaram que meu inglês ainda não está bom o suficiente para eu participar do TUF. Achavam legal eu ser o técnico em uma outra oportunidade quando meu inglês tiver melhor.
Antes de sua última luta o Rampage te comparou a uma chita já que, segundo ele, você só faz correr no ringue. Ele ainda afirmou que se fosse presidente do UFC não te colocaria numa disputa de cinturão por achar seu estilo de luta pouco excitante. Depois de dois nocautes seguidos, qual a sua resposta para o Rampage?
Eu respeito a opinião dele. Não me preocupo muito com o que eles pensam de mim. Eu gostaria muito de enfrentá-lo, gostaria de testar minha técnica contra a técnica dele para ai a gente ver quem luta melhor. Ele já mostrou que é um grande lutador, mas eu acredito muito na minha técnica.
O fato de o Rampage lhe provocar sempre que tem uma chance te incomoda?
De jeito nenhum, a gente está num esporte profissional, cada um tem a sua opinião. Ele é marqueteiro, gosta desse lado da provocação para se promover. Eu sou o contrario, fico na minha. Eu sei que não sou assim (pouco excitante para a platéia como alega o Rampage) e isso não me abala, fico mais fortalecido.
Rampage preferiu enfrentar o Rashad antes de encará-lo. Você acha que ele está arranjando mais tempo para se preparar para você?
Acho que foi mais por esse fator do TUF. Os técnicos dos times precisam se enfrentar no fim do ano. Como eu não fiz parte do TUF, o Rampage vai encarar o Rashad.Todos querem se enfrentar nesse esporte e todos querem me enfrentar para buscar o cinturão. É só uma questão contratual mesmo do TUF, uma hora o Rampage terá uma chance de lutar comigo.
Você já pensa num combate com o Rampage, acha que será mais duro se preparar para ele do que foi para o Rashad?
Do ponto de vista técnico eu acho que vou ter que mudar a estratégia porque o Rampage tem outro jogo. Do ponto de vista físico é o mesmo treino para uma luta de cinco rounds. O Rampage é um cara que se protege bem, tem o queixo duro, mas acredito muito no que to fazendo.
Quando começa a preparação para a sua defesa de cinturão contra o Shogun?
Na verdade já comecei, to treinando desde a semana passada, Mas meu treino começa assim: eu fortaleço bem a base do treinamento para ficar mais tranqüilo mais na frente. To desenvolvendo força, potência e agilidade para chegar bem no dia da luta. Antes eu achava que dois meses de preparação eram suficientes, mas agora vejo que tenho que treinar sempre.
A estratégia diante de Shogun será o nocaute?
É lógico que vou sempre procurar meu carro chefe que é em pé e sempre tentarei terminar a luta antes do fim do tempo. Portanto, buscarei um nocaute, mas sempre me preocupando com a chance de a luta parar no solo. Ainda mais quando se trata do Shogun, um grande lutador que já foi campeão do Pride e provou que é super perigoso.
Quais as principais qualidades do Shogun?
Acho que ele sabe dominar bem os quatro aspectos da luta. É bom em pé, nas quedas, tem um psicológico forte e um chão desenvolvido. Eu também me considero um lutador completo, acho que derrubo relativamente bem e consigo atacar e defender no solo. Será uma luta de grande dificuldade tanto para um quanto para o outro.
O Shogun já foi mais testado do que você no solo. Tem algum receito de que a luta contra ele vá para o chão?
De forma alguma. Hoje me vejo me preparando bem em todas as áreas, to treinando muito chão e muita queda, justamente para não ser surpreendido. Sei como o Shogun é bom, mas acredito no meu jogo e em tudo o que venho fazendo.
Tem diferença enfrentar um brasileiro ou um gringo?
Acho que nesse esporte isso ai é algo que vai acontecer sempre. Primeiro, porque os brasileiros são os mais fortes, segundo, porque tem o lado profissional. Na hora ta cada um defendendo a sua bandeira. Eu defendo meu nome, meu estado e meu país. O Shogun defende o nome dele, o estado dele e o país dele.
Você disse que gostaria de enfrentar o Brock Lesnar. Você pensa em subir de categoria algum dia para topar novos desafios?
Eu gosto muito de desafios. Sempre vi o Brock Lesnar como um cara sobrenatural, é forte, é rápido, ta aprendendo rápido os desafios da luta. Ele, como desafio pra mim no futuro, com certeza seria uma grande oportunidade para eu me provar. É o desafio que faz o lutador montar sua estratégia, evoluir e melhorar o seu jogo. Quero testar o meu jogo com o jogo dele, queria ver se meu jogo se encaixaria contra um atleta como ele. É um desafio pessoal ver como posso me testar contra um cara desses. Acho que ele é um grande lutador, grande campeão, mas gostaria de fazer isso no futuro, daqui a uns dois ou quatro anos, quando eu tiver mais experiente. Agora é hora de pensar em defender meu cinturão.
Tem mais algum lutador pesado, até de outros eventos, que você gostaria de lutar?
Não, só o Lesnar.
Você sente que está atraindo um público novo para o MMA com o seu estilo diferenciado de lutar?
Acredito que sim, porque eu saio um pouco do padrão. Geralmente, os lutadores vêm do boxe, do muay thai e do jiu-jitsu. Eu, não. Eu venho do caratê, uma arte mais tradicional, uma arte onde o respeito impera. Então, o público do caratê, do kung fu, do tae kwon do, quem têm a filosofia do respeito, vem se identificando com a minha imagem de lutador.
Thiago Pitbull enfrentará Georges ST.Pierre e o Brasil poderá conquistar o terceiro cinturão do UFC entre cinco categorias de peso. O Brasil é o país onde estão os melhores lutadores?
Acho que sim, até porque foi no Brasil onde surgiu o MMA. O Brasil é o maior celeiro de lutadores. Muitos lutadores estrangeiros aprenderam os fundamentos da luta com os brasileiros. O Brasil é um grande formador de atletas.
A meta agora é ser visto como o melhor entre todas as categorias de peso?
A meta agora é defender o meu título e me manter como campeão. Esse lado de ser visto como o melhor é conseqüência de um bom trabalho que me mantenha com cinturão.
Você ainda acredita que o hábito de beber seu próprio xixi lhe traz benefícios? Bebeu no dia da sua última luta?
Isso é um costume antigo do meu pai. E ele deixou a gente bem a vontade para fazer isso ou não. Acredito nisso, já vi casos de pessoas que tiveram melhoras na diabete e em outras doenças. Li artigos que falam sobre os benefícios desse hábito. A primeira urina do dia vem como muitas vitaminas que a gente tomou no dia anterior. É um jeito de fazemos uma reabsorção do que seria perdido. Mas não sou radical. Só faço isso quando to treinando. Dificilmente eu adoeço e quando bebo sinto-me melhor.
Fonte: MMA mano a mano
4 comentários:
GSP é tão carateca quanto o Chuck é lutador de Tae Kwon Do. Não é pq o cara fez um esporte que ele necessariamente representa aquele esporte. O GSP nem de longe é um representante do karate no MMA.
abraço
GSP é tão carateca quanto o Chuck é lutador de Tae Kwon Do. Não é pq o cara fez um esporte que ele necessariamente representa aquele esporte. O GSP nem de longe é um representante do karate no MMA.
abraço
GSP é tão carateca quanto o Chuck é lutador de Tae Kwon Do. Não é pq o cara fez um esporte que ele necessariamente representa aquele esporte. O GSP nem de longe é um representante do karate no MMA.
abraço
Olá Gustavo Sami, sinto lhe informar que o próprio GSP em entrevista confirmou que é representante do karate shotokan! O Chuck Liddell é declaradamente lutador de kickboxer
Abraços e obrigado pelo comentário.
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