Da Redação
Lyoto Machida não é um bad boy. O marketing dele é outro. Está mais ligado à tradição do caratê, ao exotismo brasileiro e ao simbolismo que cerca os lutadores de verdade. Provocações e ameaças ficam para os adversários. Graças a esses fatores, Machida convenceu o público de MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Combinadas), os apostadores de Las Vegas e subiu rapidamente os degraus de um dos esportes mais agressivos e em maior evidência no mundo, na atualidade. Falta apenas um lance para ele chegar ao topo. No próximo sábado, nos Estados Unidos, Lyoto disputa o cinturão do principal evento de MMA do planeta, o Ultimate Fighting Championship (UFC), diante do norte-americano Rashad 'Sugar' Evans, pela categoria meio-pesado.
É a luta mais importante da carreira de Machida, que também sobe ao octagon para manter a invencibilidade. Contudo, se a dificuldade é maior na final, a pressão vem a reboque. 'Nessas horas, tento me concentrar na luta como se fosse um confronto simples, sem o glamour, sem a iluminação, sem o público e sem as apostas', conta o lutador de 30 anos, nascido em Salvador e criado em Belém.
Para evitar a tensão, Lyoto só deixa o Brasil dias antes do combate. 'Entendo a performance como um todo: é a família, os amigos, o descanso e não só o treinamento. O treino é apenas um fator', explica Machida, que apesar da fama internacional, ainda mora em Belém.
Machida se concentra na técnica
Ao invés de se concentrar em Rashad Evans, um mondrongo de 1,80m e 93 quilos, com oito vitórias no UFC, Lyoto pensa mais em si próprio. Lógico que, como todo lutador profissional, estuda o oponente antes de enfrentá-lo, mas é na própria técnica que Machida se fia. 'Sei que o Rashad é um cara perigoso, que derruba bem e tem um bom boxe. Só que preciso me concentrar no que eu mesmo vou fazer', explica o lutador, prodígio de uma família de caratecas.
Na verdade, Lyoto Machida usa o lado agressivo do caratê, geralmente ensinado como arte marcial para autodefesa. 'Quando começa a luta, tenho que esquecer esse lado e buscar a agressividade e a força. Tento recuperar esse lado do caratê', detalha.
Mas Lyoto sente medo. Não apenas de perder a oportunidade de disputar o cinturão, o que levaria mais de um ano para ser recuperado, mas também de desperdiçar um trabalho que começou com meses de antecedência. Às vésperas do combate, tudo é regrado: o sono, a alimentação, o tempo de treino... E, na hora do confronto, qualquer detalhe, seja uma guarda baixa ou uma defesa incompleta, põe tudo a perder. Na luta contra Tito Ortiz, uma das grandes estrelas do UFC, foi por um triz. Lyoto caiu num golpe chamado triângulo e faltou pouco para pedir arrego. 'Dá medo. Dedico a vida inteira para esse momento. Mas ter medo não é o problema. Lidar com ele é que é difícil', ensina.
orm
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