quinta-feira, 23 de junho de 2011

Junior dos Santos: “É impossível lutar com o Minotauro”

Por Edelson Moura, colaborador do blog

Junior dos Santos carimbou o passaporte para a disputa do cobiçado cinturão da categoria peso pesado do UFC ao derrotar o valente Shane Carwin, que resistiu ao castigo imposto pelo catarinense durante os três rounds que conferiram ao brasileiro a vitória por decisão unânime dos árbitros no UFC 131.

Em entrevista ao Sensei Sportv, “Cigano” falou sobre a expectativa de enfrentar o campeão Cain Velasquez, luta que teria acontecido anteriormente não fosse uma contusão no ombro do mexicano, “Graças a Deus acho que agora não tem jeito, vai acontecer. Eu estou muito feliz por ter tudo isso na minha vida. Vim de uma cidade pequena, uma realidade de todo brasileiro. Eu acho que isso esta sendo demais pra mim.”

O desafiante ao cinturão comentou a atuação do árbitro Herd Dean que decidiu não interromper o combate enquanto o brasileiro disparava uma saraivada de socos sobre Carwin ainda no primeiro round daquele confronto.

“Naquele momento eu achei que ele deveria ter parado, mas depois achei que ele fez o certo. Depois que eu parei de bater o Shane Carwin se levantou, então quer dizer que ele estava bem, então acho que foi certo ele não ter parado naquele momento.”

“Mas no momento que ele parou a luta pro médico olhar [no terceiro round], acho que o médico deveria ter parado pois havia muitos cortes ao redor dos olhos, na boca, o nariz estava também muito machucado. Conforme eu ia batendo, eu estava vendo aqueles cortes, então acho que o médico deveria ter parado.”

Você inclusive machucou a mão, foi naquela sequência? perguntou o repórter.

“Na verdade nem sei o momento em que eu machuquei a mão mas foi no primeiro round. Senti um pouco mas no calor da luta a gente nem senti muito.”

Junior analisou positivamente a vitória sobre Shane Carwin e revelou que estava nervoso pois havia muita coisa envolvida naquela disputa. A experiência de ter lutado três rounds mais uma vez agradou a fera, que não partiu em busca do nocaute em respeito ao duro adversário.

“No momento da luta eu fiquei um pouco nervoso, até por isso mesmo comecei a pensar essas coisas e isso não é bom. Tinha muita coisa na linha para mim e para ele nada. Ele tinha muito a ganhar e eu só ia continuar. Mas com certeza é uma luta muito importante, levei muito a sério, por isso eu fiquei nervoso.”

“Eu ganhei muito nessa luta com certeza, foi mais uma luta de três rounds, foi uma experiência boa. Eu poderia ter partido para a trocação, para uma sequência maior, mas eu não fiz isso em respeito às mãos do Shane Carwin, que realmente é um cara nocauteador com poder de nocaute imenso e eu respeitei isso. Não quis combinar para não tomar também.”

Um dos aspectos que mais chamaram a atenção foi o jogo de quedas de Cigano, que declarou gostar de treinar wrestling, modalidade em que Velasquez é especialista e um dos melhores no MMA, “Eu gosto muito de treinar wrestling, foi uma coisa que eu quis me testar ali no final da luta e também queria fazer pra ter certeza que eu tinha ganhado a luta.”

Ao final do combate, Junior aplicou uma queda plástica, mas ao tocar o chão, percebeu que seu pescoço estava laçado pelo braço de Shane. Apesar da preocupação dos fãs naquele momento específico, o peso pesado disse que o golpe não oferecia risco.

“Não, não estava não, pelo contrário, faltavam menos de dez segundos para acabar a luta, já tinha soado o sino. Eu o derrubei e ele fechou aquela guilhotina, mas eu tava com a guarda passada e isso não pega” explicou.

“Quem conhece jiu-jistu sabe que isso não pega [naquela posição]. Soou o gongo e eu só continuei abraçado, tocou o fim do round e ele continuou segurando, girando. Acho que ele não ouviu e deixei porque não estava pegando” esclareceu.

Cigano falou, ainda, sobre enfrentar o homem que o revelou para o mundo das lutas, o mentor Rodrigo Minotauro, ídolo do esporte nacional.

“Não. Não existe [essa possibilidade]. Como o próprio Minotauro falou lá [na coletiva de imprensa UFC Rio], ele é meu mestre, é um cara que fez tudo por mim. O Anderson também explicou, é exatamente aquilo.”

“Todos nós do Team Nogueira, não estaríamos onde estamos não fosse o Minotauro, e em especial eu. Pô, ele foi me buscar lá em Salvador com meu treinador Iuri Carlton, me trouxe para o Rio de Janeiro, me ajudou. Ele que me deu o caminho das pedras, então é meu mestre, meu irmão, é impossível lutar com ele.”

http://gustavonoblat.blog.terra.com.br/

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