terça-feira, 17 de novembro de 2009

Entrevista com Antônio Pezão

Por Guilherme Cruz

Antônio Pezão descobriu, na luta contra Fabrício Werdum, que é preciso controlar o excesso de confiança para vencer uma luta. Derrotado na decisão dos juízes no Strikeforce, que aconteceu no começo do mês, Pezão acabou vendo o sonho de enfrentar Fedor Emelianenko ficar mais longe, mas promete voltar com tudo. Numa entrevista exclusiva, Pezão revela que fraturou a mão no começo do segundo round, e que isto o forçou a cancelar a luta que faria no final do ano, comentou a possível luta entre Fedor e Werdum, o encontro que teve com o russo nos bastidores do show e as lições da derrota: “quem dá show é a Xuxa”.

O que você achou da luta?

A luta não foi melhor porque os juízes deram a decisão para o Werdum. Após a luta, fui para casa e assisti a luta e calculei friamente, e tenho certeza que ganhei. Ganhei o primeiro round disparado, o segundo foi mais apertado, mas consegui um knockdown no começo e a gente ficou mais ali em cima, e o terceiro eu realmente perdi, senti a parte física e porque eu fraturei a mão no começo do segundo round, na hora daquele knockdown. Eu estou de gesso agora, daqui a pouco eu volto para o médico para saber como está.

A decisão mais justa era para mim, mas eu já tinha falado antes que não poderia deixar na mão dos juízes, mas não fui competente o bastante. Tive oportunidades, mas mandei levantar porque, o Werdum é um grande atleta, uma grande pessoa, mas sabia que ele não ia conseguir me nocautear, e que não ia me finalizar no chão. A única forma que ele tinha para me ganhar era na decisão. Tive oportunidade de acabar com a luta e não terminei... Eu falo aqui para o pessoal que quem dá show é a Xuxa, o negócio é ir lá e ganhar, mas eu quis fazer a luta bonita, mandar levantar, e Deus me castigou.

O que faltou para você vencer a luta?

O que faltou é que, se eu continuasse batendo por uns 20 segundos, dando uma pressão, eu teria terminado a luta ali. Inclusive, o Mestre Rafael Cordeiro, depois do evento, disse que achou que a luta fosse acabar ali, porque eu vou para o chão e termino no ground and pound, mas eu não quis acabar a luta naquele momento, achei melhor mandar ele levantar e tentar nocautear em cima, fazer uma luta bonita, tanto que consegui outro knockdown depois. Fiz um trabalho muito bom aqui na ATT, mas infelizmente eu fraturei a mão, mas continuei lutando. Perdi o terceiro round claramente, mas tenho certeza que ganhei os outros.

O pessoal do evento falou alguma coisa?

Depois da luta, o matchmaker do Strikeforce veio falar comigo no vestiário e falou que ele achou que eu ganhei e pediu desculpas, dizendo que é a Comissão quem julga. Eu tenho certeza que venci, todo mundo falou isso aqui. Estive agora na Disney e, de cada dez pessoas, nove falavam que eu venci. Fiquei feliz por ter lutado com o Werdum e fiquei satisfeito com a minha performance, mas o resultado só não foi melhor porque não levantaram o meu braço.

Você acha que a decisão polêmica teve alguma coisa a ver com o fato de você ter processado a Comissão Atlética por causa do doping?

Acho que não, até mesmo porque a comissão de Chicago é nova... Não acho que tenha nada a ver com a comissão da Califórnia, até porque a comissão da Califórnia me ajudou em várias coisas que a de Chicago estava me exigindo, como exames e outras coisas. O que pesou mesmo foi eu não ter peso aquela luta no começo... Eu diminuí o ritmo no começo do segundo round e isso pesou. E também tem o nome Fabrício Werdum, que às vezes pode vender mais com Fedor x Werdum do que comigo, que estava um ano parado. Ele ganhou o ADCC, lutava no UFC enquanto eu estava parado, e isso pode ter pesado na hora da decisão, mas o importante é que eu não vou deixar escapar na próxima.

Você vai ficar de molho por quanto tempo?

Fui ao médico após o evento, em Chicago mesmo, e eles imobilizaram. Quando cheguei aqui na minha cidade, fui ao médico especialista e mandaram ficar com o gesso até o dia 10 de dezembro, e depois eu tiro para eles avaliarem novamente. Se estiver melhor, começo a fisioterapia, senão faço mais duas semanas de gesso. O ano acabou para mim, só devo voltar na segunda quinzena de janeiro. Eu estava no card do dia 31 de dezembro (no Sengoku), mas a gente faz um plano e Deus faz outro. Era para eu ter acabado a luta no começo, estar bem e me preparar para a próxima, mas minha autoconfiança estava tão grande que acabei me prejudicando.

O Werdum deve ser o próximo adversário do Fedor. Como você acha que vai ser essa luta?

Estão cogitando isso, e espero que coloque o Werdum contra ele, porque minha torcida está pelo brasileiro, mas acho provável colocarem o Overeem contra o Fedor, porque querem o Fedor como dono do cinturão. Sobre a luta, acho que vai ficar complicado pro Werdum se for em cima, e o Fedor é muito bom no chão, mas temos que respeitar o Werdum. Se bobear, o Werdum pode pegar. Se ficar em cima acho que dá Fedor, se for para o chão o Werdum pode complicar.

E a vitória do Fedor sobre o Brett Rogers?

Foi uma luta bonita, né, levantou o público... Ele mostrou mais uma vez ser um guerreiro, fraturou o nariz no começo do primeiro round, sofreu um corte profundo, tomou um ground and pound da guarda, e o Brett tem muita força, é estúpido na força mesmo, mas agüentou a pressão e definiu a luta. Ele é o cara... Quando ele nasceu, Deus colocou o dedo e falou que é o cara, como disse o Romário (risos). Não tem palavras pra ele, é superação, raça, determinação...

Você ainda sonha em enfrentar o Fedor?

Agora eu fui para o final da fila, mas eu vou voltar bem mais forte, com a cabeça melhor, porque tem derrota que ensina mais que uma vitória. Por mais que eu sei que venci, poderia ter nocauteado no começo, mas a minha autoconfiança... Sabia que não teria como ele me vencer, mas perdi para minha autoconfiança e aprendi com isso. Se eu tiver uma oportunidade, não vou deixar passar. Se tiver que nocautear com um segundo de luta, vai ser com um segundo. Minha trajetória só atrasou um pouco, voltei para o final da fila, mas vou chegar lá e enfrentar o Fedor.

Você se encontrou com ele nos bastidores do evento?

Sim, no hotel, nos bastidores da CBS... Ele é um cara gente boa, humilde, mostrou porque ele está aí. Ele atende todo mundo, bate foto com todo mundo, não tem tempo ruim pra ele. O cara é muito humilde, tem que servir de exemplo pra muito marrento que tem no Vale-Tudo. Ele é o melhor do mundo e um poço de humildade.


Tatame

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